11.11.06

Quanto você precisa para ser feliz? -

“Felicidade não tem preço”, diz o ditado. Tem quem discorde. Para muitos, a felicidade depende de um carro, de uma roupa, de um sapato, de um aparelho celular, de uma viagem, de qualquer coisa comprável e perecível. Como uma criança, que só sossega quando ganha o brinquedo novo. Mas por quanto tempo o brinquedo novo gera felicidade e quanto tempo demora para ele se transformar em um brinquedo velho?

Momentos nos deixam felizes; pessoas nos deixam felizes; conquistas nos trazem felicidade. Mas como nós tratamos e lidamos com cada um desses fatos? Até quando o novo amor vai ser empolgante e apaixonante? Por quanto tempo ficar sentado naquele escritório vai ser bom ou tolerável?

Nossa capacidade de tolerar é muito baixa. Há quem prefira uma vida tranqüila, linear, sem muitas emoções. Mas a maioria das pessoas gosta da aventura, do inesperado, da adrenalina que simples momentos trazem. Sem contar que a vida não é linear. Ela tem altos e baixos. Começos e fins. Conquistas e derrotas.

O que vai medir o nosso grau de felicidade são as nossas próprias necessidades. Se conquistamos algo, queremos mais. Muitas vezes conquistamos até mais do que imaginamos e ainda não estamos satisfeitos. Quando vai ser suficiente? Quando conseguirmos saber o que é realmente importante para nós e o que nos traz, verdadeiramente, felicidade. Se você conquistou um alto padrão financeiro e continua infeliz, já tentou se perguntar como fazia para ser feliz antes do dinheiro chegar?

Às vezes, deitar numa rede, ver um belo pôr do sol, sentir a brisa do mar no rosto, rolar na cama sem ter hora para levantar, ver o bater das asas de um beija-flor, ler um bom livro, comer cachorro-quente e se lambuzar todo, é muito mais gratificante do que ir a um restaurante caro e poder entrar nos mais badalados ambientes. E não estou dizendo que isso seja ruim, só estou questionando o que é necessário para cada um ser feliz.

Já falei várias vezes e falo de novo: a felicidade vem de dentro, depende do que é importante para você e do que você acredita ser essencial na sua vida. De quanto menos você precisar, mais fácil será ser feliz.

5.11.06

Brilhos ocultos -

Um amigo me contou uma história linda, sobre brilhos ocultos de trincos invisíveis. O crédito dessa teoria é todo dele: Esteban Albizuri. Mas eu me acharia egoísta se não a compartilhasse com aqueles que conheço e gosto.

Ele diz que existem, no nosso caminho, muitas portas, esperando para serem abertas. Só que elas estão escondidas. E só é possível descobri-las se conseguirmos perceber os brilhos ocultos de seus trincos invisíveis. O que são esses “brilhos ocultos”? São as oportunidades inesperadas: uma palavra, uma idéia, um convite, um evento. Situações que podem passar despercebidas se não estivermos atentos ao que a vida nos oferece a cada dia.

Por exemplo? Um encontro com uma pessoa legal. Se não prestarmos atenção e não tentarmos olhar a situação sob novas e diferentes perspectivas, essa pessoa passará, será só mais uma entre muitas. Mas se, ao olhar com cuidado, percebermos que ali existe um brilho, ela pode se tornar aquele alguém tão especial que tanto procurávamos e não conseguíamos enxergar.

E os exemplos são muitos! Quantos anúncios e cartazes não lemos? Quantos sorrisos ignoramos? Quanto amor deixamos de dar? Quantos “não” falamos por medo de tentar? Quão rápido e apressados passamos pelas ruas, salas, ônibus, dias e noites?

Viver é mais do que acordar, trabalhar, estudar, comer, malhar, dormir. Viver é ver em cada situação uma oportunidade; em cada encontro uma chance; em cada certeza uma dúvida; em cada brilho uma porta para a felicidade.

Obrigada, amigo. Mais uma vez.

21.9.06

Resignificando crenças –

Nietzsche escreveu que devemos desejar aquilo que necessitamos e depois amar aquilo que desejamos. Segundo ele, a felicidade só é encontrada quando nos tornamos quem realmente somos e seguimos a vida que escolhemos viver.

Mas quantas crenças construímos – crenças que determinam o nosso modo de viver e encarar cada situação – que, sem que percebamos, nos imobilizam e aterrorizam em momentos em que deveríamos estar cheios de alegria? São crenças que agem no nosso subconsciente, verdades estabelecidas dentro de nós.

Em algum ponto de nossa vida passamos a acreditar em algo. Fazemos dessa idéia ou conceito uma verdade. E, mesmo que vários acontecimentos posteriores mostrem que não é bem aquilo, continuamos acreditando nessa “verdade”.

Por exemplo? Você não foi feito para o sucesso, nunca vai subir na vida. Essa é a crença. Ao mesmo tempo, você deseja ter um emprego melhor, conseguir aquele cargo tão esperado, ter seu trabalho reconhecido. Mas a cada pequeno erro, a cada vez que você não alcança o que considera ser o seu melhor, a cada chamada de atenção, você desaba - se sente um verdadeiro lixo. Só que a realidade não é essa. A realidade é simples e direta, mas a interpretação que o seu subconsciente faz é distorcida de acordo com a sua crença.

Como lidar com isso? Volto ao início. Primeiro, seja quem você realmente é: curta a sua própria companhia; dance sem medo de parecer ridículo; diga o que pensa, mesmo que contrarie a opinião dos outros; ria do que tiver vontade; valorize a sua experiência de vida; acredite na sua intuição; ouça boas músicas; aproveite o silêncio; ouça seu coração; compreenda que o verdadeiro prazer vem de dentro de você, de como você reage e vivencia cada experiência. Segundo, ame aquilo que você deseja: ninguém é obrigado a nada; a vida nos leva por caminhos, mas somos nós que escolhemos percorrê-los; necessidade pode e deve ser transformada em prazer; se você fez errado, mude, volte, inverta, refaça; não existe verdade eterna; o mundo só existe para você, a partir do momento em que você o percebe; um determinado significante pode ser bom ou mau, quem escolhe o significado é você.

Um dia de chuva pode ser péssimo para ir trabalhar, ou maravilhoso por permitir que a fauna e flora continuem a existir; um dia de sol pode ser de um calor terrível, ou ser abençoado; a falta de luz pode estragar seus planos ou proporcionar uma noite romântica, uma reunião de família; a bebida pode ser um vício, ou motivo de diversão e relaxamento; a lista pode continuar por páginas. Tudo pode ser visto por diversos ângulos – quem escolhe o ponto de observação é você!

Faça cada situação ser o mais leve possível. Nós já carregamos muito peso, diária e constantemente. Para que arrumar mais? Interprete a vida de maneira positiva. Acredite no melhor. No máximo, você pode vir a se decepcionar. O sofrimento pode, ou não, acontecer. Por que escolher o sofrimento permanente, em vez de arriscar a felicidade? “Torna-te quem tu és”, um bom caminho indicado por Nietzsche.

Fonte: YALOM, Irvin D. Quando Nietzsche chorou.