31.1.05

Novo lar -

Um dos maiores desejos de todo jovem é se tornar independente, fazer o que quiser, viver no seu próprio tempo, não dar satisfações, se virar sozinho. Essa independência é maravilhosa, mas ela não acontece sem esforços.

Se você se aventura a sair de casa, a primeira dificuldade que vai encontrar é a questão financeira. Os gastos vão desde comprar móveis, louças e eletrodomésticos, a pagar aluguel, água, luz, telefone, alimentação, vestuário. Ter um bom emprego facilita, óbvio. Mas o aprendizado consiste em administrar a receita e cortar alguns dos pequenos prazeres e gastos supérfluos que podem estourar o orçamento.

O segundo problema é emocional. Se, na casa dos pais, você vivia num verdadeiro campo de batalha, estar sozinho vai ser um grande alívio. Mas, se estava acostumado a chegar em casa e ter com quem dividir seu dia-a-dia, ou simplesmente conversar um pouco, a solidão pode acabar pesando.

Uma opção para quem quer liberdade, sem ter esses problemas, é dividir um apartamento com um amigo. As despesas caem pela metade e você continua a ter companhia. Mas é preciso muito cuidado antes de escolher com quem dividir a casa nova, pois algumas diferenças podem aparecer e acabar com a sua tranqüilidade logo no primeiro mês. Por exemplo: o colega resolve atacar a geladeira, acaba com o SEU estoque de comida, e esquece de repor o que utilizou; ou, então, ele larga as roupas e objetos pessoais no meio da sala, em cima da mesa da cozinha, ou até na sua cama; ou esquece de pagar a conta de luz, ou de telefone; isso quando ele não usa o seu shampoo, seu creme de barbear, ou sua escova de dente. Mas a situação pode ser inversa e o folgado ser você. Por isso, é essencial que haja respeito pelas coisas e pelo espaço do outro para que a parceria funcione.

Para quem só precisa driblar a solidão, a saída pode ser fazer logo amizade com os vizinhos, ou arranjar um animal de estimação. Claro que há quem não precise de nada disso e se sinta extremamente bem sozinho, curtindo sua própria companhia. Entretanto, a maioria das pessoas não é assim. Ficar sozinho uma semana é maravilhoso, mas o passar do tempo transforma a tão sonhada liberdade num caminho para a depressão. Ter um canto só seu exige consciência das dificuldades, coragem e segurança. Da mesma forma que conhecer os reais motivos que o levaram a tomar essa decisão é essencial para superar os momentos de tristeza e desesperança.

Mas a independência é ótima. Ela significa crescimento; significa andar com as próprias pernas, correr atrás dos sonhos, ter que lutar para ter o melhor; significa morar num lugar que é a sua cara, que tem o seu cheiro, que reflete a sua personalidade; significa acordar na hora que quiser nos fins de semana, almoçar às três da tarde, ou passar noites ao telefone sem ninguém pra reclamar; significa resolver sozinho os próprios problemas, rir sozinho das próprias cagadas, mas também chorar sozinho no travesseiro; significa fazer as próprias regras, obedecê-las se quiser e modificá-las se preciso; significa responsabilidade, amadurecimento e liberdade.

Lutar para conquistar essa independência é essencial na vida de todo ser humano. É mais um passo em busca da felicidade.

24.1.05

O que vem por aí -

Você já notou que nós vivemos à espera de algo? Seja de uma casa melhor, de um salário melhor, de um parceiro melhor, ou de um mundo melhor, dificilmente estamos satisfeitos com o que temos.

Em determinadas fases, como as de desemprego, de carência afetiva, ou de doenças crônicas, nós temos objetivos, mas não há nada a fazer para alcançá-los. São momentos em que qualquer atitude parece não dar resultado e quando somente a paciência ameniza a situação. Não uma paciência de quem espera sentado que um milagre caia do céu. Mas a de quem luta, que busca todos os recursos ao seu alcance, que procura nos amigos a mão carinhosa e ombro atencioso. Essa é a paciência de quem sabe que está fazendo tudo o que pode, mas que também sabe que há tempo pra tudo na vida.

Há uma situação limite, na qual essa espera se torna pior: a velhice. Depois de ter uma vida ativa, cheia de trabalho e realizações, é difícil parar. A pessoa acorda e não tem nada pra fazer, além de comer, dormir e esperar mais um dia passar. Essa é a pior das esperas, pois você se sente inútil, desacreditado. E, quando o sono não vem, são quase 24 horas apenas pensando. Só que não há mais futuro para planejar. A única esperança é que chegue logo o dia em que tanto sofrimento vai ter fim. A Osteoporose já chegou; um derrame aconteceu. Você não anda mais sozinho; não toma mais banho sozinho. Você depende dos outros pra tudo.

A solidão parece aterradora. A tristeza é lógica. No que se segurar e no que acreditar? Um carinho e um sorriso são lampejos de esperança; uma conversa faz o tempo passar mais rápido; uma bala é um doce alento para tardes amargas. Mas uma mudança interior é necessária. Precisamos manter o coração tranqüilo, cultivar a fé e acabar com os fantasmas das brigas mal resolvidas, da antipatia no trabalho, da palavra que saiu na hora errada, do que podia ter sido feito e não foi, do perdão que nunca foi dado, ou pedido.

Nós não podemos nos esquivar do presente e passar nossos dias a reviver o passado, ou a sonhar com o futuro - temos que agir! Se olharmos à nossa volta, veremos que ainda há muito de bom. Ao invés de ficar desejando o que falta, devemos valorizar o que temos. A vida é feita de ciclos: de altos e baixos, de tempestades e calmarias, de acertos e erros.

Passar por fases difíceis na vida é normal. Ter momentos de solidão, de descrédito e até de achar que não há mais saída é normal. Só não podemos nos desesperar, pois sempre há uma situação melhor à nossa espera. Afinal, nós estamos sempre caminhando rumo à felicidade, seja neste mundo, ou no outro.

21.1.05

Memória de elefante? -

Nossa memória é um mecanismo impressionante. Cada momento vivido fica armazenado para sempre em nosso subconsciente. Entretanto, não nos lembramos de todos. Só alguns marcam, só alguns continuam fazendo parte do arsenal de informações que formam os nossos pensamentos diários.

Uma explicação para isso pode ser a intensidade de sentimento que cada momento provoca. Palavras, imagens, gestos, podem tocar nossos corações de um jeito mais profundo e se eternizar em nossas mentes - como o primeiro beijo, o primeiro rompimento, aquele brinquedo especial, a prova que "inexplicavelmente" recebeu nota 10. Mas, às vezes, coisas banais, detalhes até insignificantes, também deixam marcas profundas. Há quem, aos 95 anos de idade, saiba dizer o tipo de prataria usada em cada um dos jantares oferecidos durante toda a vida. Acredite!

Já outros momentos parecem se apagar. Não que eles não existam guardados em algum lugar, mas eles não ficam acessíveis. A regressão é uma terapia que utiliza o relaxamento profundo e a indução como forma de trazer à tona essas lembranças. Especialistas dizem que esse processo ajuda a tirar os bloqueios adquiridos e a aprender a lidar com situações traumáticas, já que, em grande parte, os fatos esquecidos são aqueles que provocaram sentimentos negativos. Casos de pessoas que sofreram violência sexual são uma prova disso. Algumas lembram diariamente do ocorrido, mas muitas esquecem ou distorcem os fatos, numa defesa natural para diminuir o sofrimento. Nós funcionamos assim. Selecionamos, consciente ou inconscientemente, o que queremos, ou não, lembrar. Atribuímos importância, adjetivos e vida própria a cada acontecimento que passamos.

Se compararmos nossas lembranças de um momento da infância com as de um irmão ou de um amigo, elas serão diferentes. Einstein provou com a Teoria da Relatividade que dois momentos podem ser lembrados em ordens inversas por duas pessoas que o vivenciaram juntos. Por exemplo: para um, determinada festa ocorreu antes daquele jogão do Brasil; o outro vai jurar que a festa foi dias depois do jogo. Nossa memória não obedece aos padrões lineares de tempo que Newton definiu no fim do século XVII e início do XVIII. Já em 1905, a Teoria da Relatividade explicava que o espaço não é tridimensional e o tempo não é absoluto. Eles formam um contínuo tetradimensional, o "espaço-tempo". Basta ver que nós vivenciamos o tempo de forma relativa: os momentos agradáveis parecem passar voando, já os tristes parecem durar uma eternidade. Nossa memória funciona dessa forma, armazenando tudo o que acontece conosco como eventos individuais, com sua própria definição de espaço-tempo. A aparente linearidade depende do observador. Assim como a importância de cada fato também.

Saindo da teoria e concluindo, podemos dizer que nossas lembranças definem quem somos. Os amigos que conquistamos, aquilo que aprendemos, o que fizemos, o amor que demos, formam o nosso eu. E é aquilo que está vivo na memória que nos ajuda nessa auto-definição. Aos 80 anos de idade, somos o que podemos contar. Aos 80 anos de idade, somos o que construímos. Não há mais o que fazer, história por criar, sonhos por concretizar. Nossa memória é tudo o que temos.

Talvez por isso devamos pensar bem em cada um dos nossos atos e, se preciso, contar até 100 antes de tomar determinadas atitudes. Parafraseando o conhecido ditado, "digas do que lembras, que eu te direi quem és".

Bibliografia: BRENNAN, Bárbara Ann. Mãos de Luz. São Paulo: Ed. Pensamento, 1987.

15.1.05

Prazer e felicidade -

Prazer e felicidade são duas palavras que parecem andar juntas, que a nossa sociedade nos vende como sendo a mesma coisa. Mas será que são? Na TV, a nova propaganda dos chocolates Lacta mostra momentos de diversão em família, momentos de confraternização e alegria e os compara ao ato de comer chocolate. O slogan da campanha é “Lacta, pequenos momentos de grande felicidade”. Mas desde de quando comer chocolate traz felicidade? Após dar aquela mordida, saborear e engolir, você fica mais feliz? Você conquistou algo, cresceu, trocou algo com alguém, se sentiu melhor consigo mesmo? Pense.

Quantas pessoas passam a vida inteira buscando prazer em tudo e parecem estar cada vez mais distantes da felicidade? Quanto mais aventuras têm, mais sozinhos se sentem. Quanto mais dinheiro ganham, mais querem ganhar. Quanto mais jogam, mais querem jogar. Quanto mais comem, mais querem comer. E a felicidade não chega nunca.

Acho que esse é um dos erros mais comuns que cometemos: confundir prazer com felicidade. E o motivo é simples. Prazer NÃO É sinônimo de felicidade. Um chocolate vai lhe dar prazer, mas nunca felicidade. Uma noite de sexo casual vai lhe dar prazer, mas não felicidade. Discorda? Eu já ouvi alguns relatos de amigos dizendo que tiveram um ótimo sexo, mas, logo que acabou, queriam botar a roupa e ir embora. Eles não ficaram mais felizes ou completos. Satisfizeram uma necessidade orgânica e, desculpem o termo, jogaram esperma pra fora. Quando você sai de um momento desses se sentindo feliz, você, provavelmente, vai querer de novo. Pois não só o ato em si lhe faz bem (lhe dá prazer), mas a troca com outro ser humano, a intimidade, a cumplicidade e o carinho acrescentam algo na sua vida, lhe preenchem, lhe dão felicidade. Você pode não querer assumir um compromisso e não repetir a dose, mas não pode deixar de concordar que o quê você sente é diferente.

Prazer é momentâneo: tem e acabou. Prazer tem início com uma vontade, com um desejo. Prazer não acumula. Prazer é perecível. Prazer vem de fora: algo nos dá prazer.

Felicidade? Felicidade pode ser causada por um momento, mas ela não acaba. O sentimento de felicidade não desaparece nunca. Até a lembrança do momento nos faz dar um sorriso. Felicidade é provocada por nós: por uma ação, por uma troca, por um pensamento. Felicidade aumenta, acumula, cresce. Um momento de felicidade leva a outro. Felicidade se constrói, com gestos, palavras e até silêncios. Felicidade é ontem, hoje e amanhã. Felicidade vem de dentro. Isso é importante. A nossa felicidade não depende de ninguém. Claro que os outros podem contribuir para a nossa felicidade. Mas, muitas vezes, mesmo a pessoa perfeita, no lugar perfeito, na situação perfeita, não nos deixa felizes. Pois a felicidade é um estado de espírito.

E por que não somos felizes? Pois buscamos prazer, buscamos momentos, buscamos satisfação instantânea. Vivemos em função do nosso ego, do nosso egoísmo, do nosso orgulho. O amanhã depende do hoje! Se tivermos tudo hoje, não sobra nada pra amanhã. Mas podemos ter um pouco hoje, outro pouco amanhã, outro depois... Ser feliz depende de como encaramos a vida. Otimismo, coragem, desapego e compaixão são algumas das chaves da felicidade.

12.1.05

Será que é amor? -

Você já percebeu como algumas pessoas parecem ter mais sorte do que outras quando se fala de amor? Tem gente que encontra o companheiro ideal ainda na adolescência, namora sete anos, noiva, casa e vive o resto da vida com a pessoa. Outras precisam passar por diversas experiências, buscar comportamentos perfeitos, se apaixonar diversas vezes e, mesmo assim, essa pessoa maravilhosa parece estar cada dia mais distante.

E essa é a pergunta: por que essas pessoas aparecem nas nossas vidas, se elas não vão ficar com a gente? Acho que cada uma tem algo a nos ensinar. Cada uma tem algo a nos acrescentar, a nos fazer refletir, conceitos a questionar, padrões a romper. Talvez surjam para nos dizer que é bom receber carinho, mas cada um precisa do seu espaço. Talvez para testar nossos limites, mostrando até onde podemos ir. Talvez para nos fazer ver que não somos perfeitos, mas temos muitas qualidades. Talvez precisem nos provar que podemos e precisamos ser úteis para alguém. Talvez, ainda, sejam só uma companhia num momento de solidão. Ou até venham para nos fazer valorizar um pouco mais o amor.

Talvez seja a pessoa certa na hora errada. E se chegou na hora errada, ela ainda não era a certa. Talvez seja uma grande paixão. Talvez um bom amigo. Ou apenas uma imagem do que consideramos perfeito. Porque, muitas vezes, o quê precisamos, não é o quê desejamos. Talvez essa pessoa apareça num momento de mudança e seja a base forte que vai nos sustentar. Talvez surja num momento de certezas e precise ser sustentada por nós. Talvez venha para nos dar alegria. Talvez não. Talvez ela seja um lampejo de esperança, a nos dizer que ainda existem muitas pessoas interessantes por aí.

E essas pessoas sempre marcam. De jeitos diferentes, com sentimentos diferentes, em intensidades diferentes. Mas marcam. E nenhuma diminui a importância da outra, pois são, simplesmente, diferentes. Cabe a nós não procurar, em uma, o que tivemos com a outra. Cabe a nós entender que não existe ninguém perfeito, mas existe alguém que quer o mesmo que nós. E é para essa pessoa que precisamos estar abertos, deixando de lado medos, inseguranças, expectativas. Porque quando ela aparecer, não vamos poder exigir dela mais do ela pode nos dar, mais do ela quer nos dar, ou mais do ela sabe dar. Teremos de aceitá-la com seus defeitos, seus medos, suas manias. E o que pode fazer esse relacionamento dar certo é simples: amar o outro por quem ele realmente é.

7.1.05

Respostas à vida -

Todo ser humano sente raiva, ódio, fica magoado, se sente injustiçado. Mas todo ser humano também causa todos esses sentimentos em outras pessoas. E, normalmente, isso acontece por causa dos nossos atos, da forma como respondemos à vida.

Quantas vezes alguém não lhe disse algo que lhe deixou puto, sem ter essa intenção? A interpretação que fazemos de cada mensagem que recebemos é influenciada por nossos medos, nossas inseguranças, nossos "pré-conceitos". Se virmos o nosso chefe como um chato, a menor crítica que ele nos faça pode parecer pegação de pé, cisma. Mas talvez ele esteja, realmente, pensando na qualidade do trabalho e faça críticas a qualquer profissional.

O oposto também acontece. Alguém lhe faz um favor e você diz: "não era bem isso". A reação do outro pode ser: "poxa, você não gosta de nada do que eu faço. Faço tudo pra lhe agradar e só ganho reclamações!!". Mas, na verdade, você gosta de tudo o que o outro faz e, simplesmente, não era bem aquilo. Essas más interpretações, essas reações exageradas, nos fazem mal. Elas nos deixam chateados, magoados, com raiva e afetam, sim, a nossa saúde.

O Dalai Lama, da religião Budista, diz que nosso estado latente é de ignorância e que aprendemos a reagir de uma forma ou de outra diante da vida, dependendo dos nossos pais, da nossa escola, do meio em que vivemos. Mas ele também diz que, assim como aprendemos a sofrer, podemos aprender a não sofrer mais. Segundo ele, a conquista da felicidade é um aprendizado, um exercício a ser praticado diariamente. E só conseguimos deixar de lado os sentimentos negativos, aumentando os positivos. Por exemplo: ao exercitar diariamente a compaixão, a compreensão e o amor, você, provavelmente, não vai se irritar por uma frase, ou por uma atitude impulsiva do outro.

O psicoterapeuta Jorge Jacinto, que trabalha com Programação Neuro-Lingüística (PNL) em Florianópolis, também afirma que nós podemos modificar nossas reações e, conseqüentemente, nos desgastarmos menos. Ele sugere um exercício, no qual colocamos no papel, diariamente, os acontecimentos que nos fizeram mal, dividindo a folha em três colunas. Na primeira, citamos o fato que deu origem ao sentimento negativo. Na segunda, colocamos a reação que tivemos. Na terceira, a reação que gostaríamos de ter tido, aquela que não traria sofrimento nem a nós, nem ao outro. E passamos a treinar essa reação modificada a cada vez que esse acontecimento ou outro semelhante ocorre.

Claro que no início é difícil. Claro que continuamos a sentir raiva. Mas se não estourarmos, se não dermos "aquela resposta", talvez já diminuamos o efeito da situação no outro. E, com o tempo, passamos a realmente compreender os fatos, a reagir como gostaríamos naturalmente, a não projetar nos outros nossos medos e inseguranças e a não sofrer. O Dalai Lama diz que a única forma de sermos felizes é buscarmos acontecimentos, pessoas e sentimentos que nos deixem felizes. Isso parece ser óbvio, mas, então, por que brigamos se vamos ficar chateados, tristes e descontentes? Por que comemos muito se vamos engordar ou passar mal depois? Por que fazemos tantas coisas prejudiciais, conscientemente, se elas não nos trarão felicidade?

Acho que o segredo é, antes de agir, parar e pensar: isso vai me fazer feliz? Evitar brigas, discussões e desentendimentos aumenta nosso bem estar, nossa satisfação diante da vida. A felicidade e a compaixão nos deixam bem. Então vamos exercitar!

Bibliografia: Cutler, Howard C. e Sua Santidade, o Dalai Lama. A Arte da Felicidade. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

2.1.05

Que cara chato! -

Aceitar o comportamento dos outros e não julgar são atitudes que exigem de nós tolerância, compreensão e perdão. Nas festas de fim de ano é comum parentes que não se vêem há tempos se reencontrarem, diferenças aparecerem e mal entendidos estragarem o clima de "paz e fraternidade". Pode-se até lembrar dos tão conhecidos jargões: genro e sogra que não se batem, cunhados que não se aturam ou até irmãos que não se suportam.

É nessas horas que precisamos entender a forma de agir e o jeito de ser de cada um e sermos complacentes, seja contando até 50, respirando fundo, se fazendo de surdo, ou apenas rindo, rindo para não chorar ou, como diriam alguns, para "não meter a mão na cara daquele filho da puta". É... isso é mais comum do que gostaríamos.

Nas festas de fim de ano, há a agravante de sermos, muitas vezes, "obrigados" a conviver com aqueles com os quais temos antipatia ou divergências de opiniões. Entretanto, isso acontece diariamente no trabalho, no ônibus, no curso. Claro que é mais fácil ignorar e não falar com alguém no trabalho do que no jantar de Natal.

Mas por que é tão difícil ser tolerante? Será que somos tão perfeitos, os únicos conhecedores das verdades da vida, a ponto de desqualificarmos o outro pelos seus erros? Já que falamos de Natal, usemos uma frase do Cristo: "aquele que nunca errou que atire a primeira pedra". Precisamos compreender que todos nós erramos, que todos temos defeitos talvez intoleráveis para outros, que todos alguma vez na vida falamos a frase errada na pior hora.

Precisamos aceitar que vivemos em sociedade e que são poucos aqueles que agem da mesma forma que nós, que têm os mesmos pontos de vista, que são educados da mesma maneira. Precisamos buscar as qualidades do outro, tentando, sim, ignorar e superar os defeitos que nos incomodam.

Tolerância é, talvez, uma das principais virtudes que nos permitem ser sociáveis. Pessoas teimosas e donas da verdade não costumam se dar bem em grupos. Elas sempre arranjam alguém com quem discutir, ou com quem "não conseguem conviver". E é difícil ser amigo de alguém intolerante. É preciso saber ouvir; não criar atrito; ser complacente; expressar opiniões de forma delicada e indireta; ser tolerante.

Para lidar com os engraçadinhos, ao invés de se irritar e antes de se irritar, faça dele o alvo da piada, ou dê aquele toque amigável: "fulano, vamos dar uma acalmada, pois tudo tem limite". Com o indesejável ou intrometido, por que não rir com ele ou deixá-lo constrangido mudando o rumo da conversa?

Há sempre uma forma de driblar as situações sem sair do equilíbrio e perder a calma. Procure uma. Mas lembre-se que o mais importante é compreender as razões do outro agir de determinada forma e não julgá-lo. Não precisamos concordar com ele, ou aceitar atitudes que venham a nos ferir. Mas podemos dar um basta nas situações sem sermos brutos, ignorantes ou indelicados. "Não façamos para o outro o que não gostaríamos que nos fizessem". Perdoemos, mantenhamos o clima de paz e amor, sejamos nós os apaziguadores, sejamos nós os promotores da felicidade.