20.3.06

Presentes da vida –

Alguma vez você já recebeu um presente da vida? Talvez um tempo longe da correria do dia-a-dia, ou alguém que lhe ensinou uma nova maneira de ver e encarar os problemas?

Acho que somos presenteados cotidianamente. Um belo pôr do sol, uma brisa suave, uma conversa amiga que nos dá esperança e traz alegria, o perfume gostoso que faz relembrar o passado, o sorriso discreto no elevador, a risada ingênua de uma criança. Esses são só alguns dos pequenos presentes que recebemos, mas será que nos damos conta deles?

Algumas vezes, a vida resolve nos dar algo maior. Talvez algo que tenha começo, meio e fim, como uma caixa de bombons – você se delicia com cada mordida, cada pedaço, mas sabe que logo a caixa vai acabar. Um exemplo? Uma viagem. Nela você esquece os problemas do trabalho, os medos, os bloqueios; descobre-se, percebe o que gosta e o que não gosta de fazer; vê coisas diferentes, pessoas diferentes, atitudes diferentes; analisa-se, revê conceitos, muda padrões. Nela você relaxa, descansa, desestressa; curte momentos de alegria, bem estar, saúde; janta em lugares perfeitos, acorda no meio da manhã, dorme ao nascer do sol. Nela você encontra uma deliciosa paixão; recebe carinho, atenção, cuidado; tem prazer, muito prazer – na cama, nos passeios, na troca de olhares. Nela você tem tudo o que não tinha na vida “normal”.

Mas é só uma viagem. Uma fuga na linha do tempo, como uma dimensão paralela. Você aprende, descobre que a vida pode ser maravilhosa. O tempo passa, mas logo você tem que retornar à sua dimensão, à sua “vida real”. Você volta diferente. Com novos significantes e significados. Provavelmente, com novas decisões, novas posturas. Mas a vida, por mais que você tenha mudado, não vai mudar tanto assim. Afinal, nem tudo depende só da nossa vontade e das nossas decisões.

Então, será que esse “presente” vale a pena? Acho que sim. Talvez seja mais que uma caixa de bombons. Talvez seja o primeiro pedaço de uma barra de chocolate. A vida lhe dá uma prova, um gostinho, do que você pode ter se lutar e fizer diferente. O presente significa mudança, aprendizado. O resto da barra de chocolate terá que ser conquistado por você. Como? Dizem que “a vida se faz ao caminhar”. As novas decisões, posturas e sentimentos apreendidos farão você dar mais valor a cada momento da sua vida. Aqueles “pequenos presentes” poderão ser percebidos mais facilmente. Os pequenos gestos poderão ser entendidos em toda a sua plenitude.

Os tipos de presentes que a vida pode nos dar são muitos. Claro que os melhores são os que vêm para ficar: os grandes amores, o bom emprego, uma querida amizade, a viagem da qual não se precisa voltar.

Mas acho que, independente do tipo e da duração dos presentes, eles são gigantescas fontes de felicidade. Saiba percebê-los e aproveitá-los. Cada momento é único. E o que sentirmos em cada um deles ficará para sempre em nossos corações e em nossa memória.

10.3.06

Sem vergonha de ser feliz -

"Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz (...)". A música que marcou gerações e que ainda serve de hino para muitos talvez tenha sido a inspiração deste blog. Você tem vergonha de ser feliz? Você tem medo de ser feliz? E sempre achei que a resposta óbvia era não. Por que ter vergonha, ou medo, de ser feliz? Muitos têm.

Você acha que não? Mas quando deixamos de fazer algo que queremos muito porque é considerado errado para alguém, ou porque vai contra alguma "norma social", não estamos abdicando de um momento de felicidade por medo? É! Medo! Medo de não ser aceito; medo de não ser - ou deixar de ser - respeitado; medo de não ser amado; medo de não estar "de acordo". Ou vergonha. Vergonha das próprias necessidades, dos próprios sonhos, dos próprios desejos.

Para fazermos aquilo que nossos coraçõess pedem precisamos nos sentir livres, precisamos nos aceitar.

Claro que podemos deixar de fazer algo por respeito a um companheiro, um familiar, ou um amigo. Você abdica de algo para o bem da relação - o seu bem e o do outro. Mas lembre-se: sem deixar as suas verdades de lado.

Uma frase bem conhecida, cujo autor desconheço, diz: "viva a vida como um cavalo no 7 de setembro, cagando, andando e sendo aplaudido". E não é? São seus pais que vão construir a SUA vida para você? É o vizinho que "lava suas cuecas"? É seu professor que vai trabalhar e crescer na carreira por você? Ou é seu amigo que vai conquistar a companheira dos seus sonhos em seu lugar?

Hoje vou me dar ao luxo de escrever pouco e transcrever muito. Afinal, há tantas pessoas que sabem imensamente mais do que eu. Olha! Esse poderia ser um motivo para eu ter medo, ou vergonha, e deixar de escrever. Mas eu deixaria de fazer algo que me faz feliz porque alguém poderia me criticar? Critiquem! Assim você me ajuda a crescer, aprender e ser ainda mais feliz!

Vamos à transcrição da música:

"E a vida? E a vida, o que é? Diga lá, meu irmão! Ela é a batida de um coração? Ela é uma doce ilusão? Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento? Ela é alegria ou lamento? O que é, o que é, meu irmão? (...) Você diz que é luta e prazer. Ele diz que a vida é viver. Ela diz que melhor é morrer, pois amada não é e o verbo é sofrer. Eu só sei que confio na moça e na moça eu ponho a força da fé. Somos nós que fazemos a vida, como der, ou puder, ou quiser. (...)".

Viva! Sem medos e sem vergonha! A vida é um eterno aprendizado. Você nunca vai saber tudo, nem vai acertar sempre. Mas pode descobrir as suas verdades e a melhor maneira de ser feliz.

5.3.06

Ai que dor! -

Nós sentimos diversos tipos de dor. A dor de uma queda, de um esbarrão, de um acidente; de frio, de fome; da perda, da saudade, da tristeza; da angústia, da falta de fé. E podemos lidar com as dores de diversas maneiras, dependendo de como as encaramos. Você sabe como lida com as dores da sua vida?

Você pode ver uma doença como um castigo, algo incapacitante, ou como um sinal de que algo não está funcionando adequadamente, está errado.

Você pode ver um acidente como falta de sorte, ou mesmo colocar a culpa em algo ou alguém envolvido. Mas também pode perceber que andava distraído, nervoso, desequilibrado. Claro que, muitas vezes, as coisas acontecem independentemente da nossa vontade. Entretanto, isso é um motivo para ampliarmos nossa dor, nossa descrença e nossa raiva?

Acredito que muitos de nós fazemos nossos sofrimentos maiores do que eles realmente são. Ao sentirmos frio, fome, ou dor, podemos ter consciência da causa do mal-estar e não dar maior importância ao fato, buscando, simplesmente, sua solução. Ou podemos ficar reclamando, focando toda a nossa atenção no problema e fazendo dele motivo de irritação e sofrimento.

Um amigo me disse: "Há uma grande diferença em sentir o frio e sentir frio". Eu concordo com ele. Dor não é sinônimo de sofrimento.

Quando estamos tristes, carentes, desconsolados, só percebemos nosso próprio mundinho, nosso "grande sofrimento". Mas será que o motivo do sofrimento é tão grande assim? Pare e pense. Será que dando um passo atrás (buscando a verdadeira causa do problema) e um passo para o lado (mudando o enfoque sob o qual vemos o problema), ele não terá outro significado para nós? Um exemplo: você está com raiva de alguém, por algo que essa pessoa lhe disse ou fez. Tente compreender os motivos dessa pessoa e descobrir em qual dos SEUS pontos fracos ela pisou. Será que essa análise não lhe deixará mais calmo? Não diminuirá a "dor" e o "sofrimento"?

Temos muitas coisas mal resolvidas dentro de nosso sub-consciente - fatos, frases, emoções. E elas atuam diretamente sobre nosso presente - ações, falas, sentimentos. Talvez de forma muito mais forte do que supomos.

Entender a dor e encará-la somente, e exatamente, com a intensidade que ela tem (sem agregar medos, concepções e traumas) pode nos ajudar a viver com mais tranquilidade e paz. Não torne as coisas mais complicadas e difíceis do que elas realmente são.

Simplifique. Esqueça. Viva o agora. Pode ter certeza: é mais fácil ser feliz assim!