21.9.06

Resignificando crenças –

Nietzsche escreveu que devemos desejar aquilo que necessitamos e depois amar aquilo que desejamos. Segundo ele, a felicidade só é encontrada quando nos tornamos quem realmente somos e seguimos a vida que escolhemos viver.

Mas quantas crenças construímos – crenças que determinam o nosso modo de viver e encarar cada situação – que, sem que percebamos, nos imobilizam e aterrorizam em momentos em que deveríamos estar cheios de alegria? São crenças que agem no nosso subconsciente, verdades estabelecidas dentro de nós.

Em algum ponto de nossa vida passamos a acreditar em algo. Fazemos dessa idéia ou conceito uma verdade. E, mesmo que vários acontecimentos posteriores mostrem que não é bem aquilo, continuamos acreditando nessa “verdade”.

Por exemplo? Você não foi feito para o sucesso, nunca vai subir na vida. Essa é a crença. Ao mesmo tempo, você deseja ter um emprego melhor, conseguir aquele cargo tão esperado, ter seu trabalho reconhecido. Mas a cada pequeno erro, a cada vez que você não alcança o que considera ser o seu melhor, a cada chamada de atenção, você desaba - se sente um verdadeiro lixo. Só que a realidade não é essa. A realidade é simples e direta, mas a interpretação que o seu subconsciente faz é distorcida de acordo com a sua crença.

Como lidar com isso? Volto ao início. Primeiro, seja quem você realmente é: curta a sua própria companhia; dance sem medo de parecer ridículo; diga o que pensa, mesmo que contrarie a opinião dos outros; ria do que tiver vontade; valorize a sua experiência de vida; acredite na sua intuição; ouça boas músicas; aproveite o silêncio; ouça seu coração; compreenda que o verdadeiro prazer vem de dentro de você, de como você reage e vivencia cada experiência. Segundo, ame aquilo que você deseja: ninguém é obrigado a nada; a vida nos leva por caminhos, mas somos nós que escolhemos percorrê-los; necessidade pode e deve ser transformada em prazer; se você fez errado, mude, volte, inverta, refaça; não existe verdade eterna; o mundo só existe para você, a partir do momento em que você o percebe; um determinado significante pode ser bom ou mau, quem escolhe o significado é você.

Um dia de chuva pode ser péssimo para ir trabalhar, ou maravilhoso por permitir que a fauna e flora continuem a existir; um dia de sol pode ser de um calor terrível, ou ser abençoado; a falta de luz pode estragar seus planos ou proporcionar uma noite romântica, uma reunião de família; a bebida pode ser um vício, ou motivo de diversão e relaxamento; a lista pode continuar por páginas. Tudo pode ser visto por diversos ângulos – quem escolhe o ponto de observação é você!

Faça cada situação ser o mais leve possível. Nós já carregamos muito peso, diária e constantemente. Para que arrumar mais? Interprete a vida de maneira positiva. Acredite no melhor. No máximo, você pode vir a se decepcionar. O sofrimento pode, ou não, acontecer. Por que escolher o sofrimento permanente, em vez de arriscar a felicidade? “Torna-te quem tu és”, um bom caminho indicado por Nietzsche.

Fonte: YALOM, Irvin D. Quando Nietzsche chorou.