20.6.05

Mandar ou liderar -

Muitas pessoas nascem com características de liderança. São os que apresentam os trabalhos na frente da sala no colégio, viram capitães de gincana, organizam festas, até chegarem a cargos de chefia dentro de suas profissões. Ser líder parece ser muito bom. Todos gostam de comandar, mandar. Mas ser um líder é muito mais do que mandar.

Ser líder é compreender todo o funcionamento da estrutura liderada, desde a parte material, execução, pessoas, até as conseqüências de cada ato tomado. Porque ser líder é saber comandar sem dar ordens; é saber organizar sem restringir; é saber decidir sem impor; é saber se colocar no lugar do outro e tratá-lo com como gostaría de ser tratado.

Um bom líder é respeitado sem precisar pedir respeito, porque sua postura e seus atos demonstram seu caráter e sua capacidade – o respeito acontece naturalmente. Um bom líder tem amizade com sua equipe e sabe valorizar o talento e a força de vontade de cada um. Um bom líder acredita e confia que as tarefas designadas serão executadas, pois ele dá a chance do outro mostrar seu valor.

Mas um líder também é um ser humano, também erra e também tem que ser capaz de admitir seus erros com humildade e resignação. A liderança é uma grande tarefa, uma grande alegria, mas também uma enorme responsabilidade.

E o líder não é só o chefe do trabalho. O chefe do lar, o pai ou a mãe, também são líderes.

Conheço líderes carrascos, egocêntricos e orgulhosos. Mas também conheço alguns amigos, companheiros, humildes e iluminados. Pessoas essas capazes de lhe abrir portas e lhe permitir crescer e aprender. Pois um bom líder não só coordena, mas ensina. Seja ele chefe ou pai.

Estar do outro lado, ser o subordinado, muitas vezes não é fácil. É preciso compreender as dificuldades, os encargos e a pressão que o superior sofre. Muitas vezes acontece de ele lhe cobrar algo, ou dizer algo, de uma forma que lhe magoe ou humilhe. Nessas horas é necessário saber percebê-lo como aquele ser humano que erra e saber perdoar. Pois um bom líder também sabe perdoar e dá sempre uma segunda chance.

Na convivência em equipe sempre ocorrem desafetos e desentendimentos, pois as pessoas são diferentes, pensam diferente e agem diferente, seja no escritório ou em casa. Ser líder é saber administrar essas diferenças e fazer do relacionamento em equipe um relacionamento saudável, produtivo e feliz. Por isso, aprender a ser líder é aprender a cultivar a felicidade no ambiente em que se convive. É ser otimista e positivo. Eu acredito que esse é um bom líder.

12.6.05

Dia dos namorados, coração apertado –

Todo término de relacionamento é doloroso. Sofre-se pela saudade, pela perda da rotina, pela perda do carinho, pela perda da pessoa amada. Claro que, se não existia mais a paixão, não se sofre tanto. Mas não se deixa de sentir a falta da pessoa. Pode ser estranho postar uma crônica no dia dos namorados falando de términos, mas para muitos o dia dos namorados é, sim, um dia triste e doloroso.

Relacionar-se é saber conviver respeitando o outro. Usufruir a sua liberdade até o momento em que ela não fira a liberdade do companheiro. É amar o bom e o ruim. É aceitar as diferenças e aproveitar as convergências.

Nem sempre dá certo. Nós criamos expectativas e idealizamos as situações. E fazemos isso, muitas vezes, sem percebermos. Marcamos uma saída, planejando mil coisas, mas somente uma delas acontece. Vamos à locadora e nos frustramos na indecisão e discordância para o simples ato de escolher um filme. Pequenos detalhes de uma vida a dois que mostram a incompatibilidade de um casal. Se não se consegue estar bem no dia-a-dia, os grandes momentos de paixão não serão suficientes.

Com a relação terminada, a dificuldade é conseguir manter a amizade e não guardar mágoas desnecessárias. Quantas vezes você já quis matar o ex-namorado, sendo que o real motivo da sua raiva era orgulho ferido? É difícil perceber que não se é capaz de fazer um relacionamento dar certo, que não se foi bom o suficiente, ainda mais quando há uma idealização do companheiro.

Mas se não há idealização, o sofrimento pode ser considerado natural. Você amou alguém; apaixonou-se; entregou-se; doou-se. Vocês viveram momentos lindos juntos e aprenderam a superar vários obstáculos que fazem parte da maturação de um casal. Vocês dividiram a cama, a mesa, o sofá, o carro, o corpo, a alma.

Sofrer é natural. Quando acaba o sofrimento? O perdão é o primeiro passo. Mas o tempo é que vai fazer seu papel curativo e transformar aquele amor num sentimento de carinho, respeito e saudade.

Não se esquece ninguém. Todos falam: “logo você esquece ele”. Não esquece. A memória existe e as recordações são naturais. Apenas se transmuta o sentimento. Você muda de hábitos, passa a ter novas ocupações, faz novas amizades, até que conhece alguém mais compatível. E aquele grande amor passa a ser um antigo amor. Ainda um amor, mas que não faz mais parte da sua vida cotidiana e que não lhe inspira mais sentimentos de paixão ou desejo. Porque paixão e desejo passam, o amor é eterno.

Quem sabe vocês ainda não virem bons amigos? Se vocês conservarem o respeito e conseguirem cicatrizar as feridas, a amizade se torna o sentimento redentor e o conhecimento mútuo a forma de manterem contato e ajudarem um ao outro nos momentos de dificuldade. O término triste e doloroso pode ter como conseqüência uma futura felicidade mútua. Por que não?

8.6.05

Hoje é só hoje -

Você já se perguntou se você valoriza o dia de hoje? O dia de hoje em toda a sua plenitude, potencial, encontros, descobertas, detalhes, insights. A gente vive lembrando do desencontro de ontem, do que deixou de fazer, do que fez errado, do que deveria ter feito diferente; mas também daquele momento maravilhoso, da conquista festejada, das alegrias vivenciadas. Ou então se perde em planos para o futuro: em uma hora tenho que fazer isso, amanhã tenho que resolver aquilo, tenho, tenho, tenho...

Mas e o agora? Aquele olhar que você acabou de trocar, a palavra que acabou de proferir, o trabalho que está realizando? Pode parecer piegas, mas você olha pro céu ao sair de casa pela manhã? Percebe os cheiros à sua volta? Cumprimenta aqueles pelos quais passa ou encontra no elevador? Você percebe o que seu corpo está lhe dizendo ou lhe pedindo? Um exemplo bobo: quantas vezes você ficou horas com vontade de fazer xixi e adiou, sem motivos, a ida ao banheiro? Às vezes sem nem perceber que precisava ir ao banheiro!

Eu acredito que não passamos nem 50% do nosso tempo vivenciando o agora.

Você saboreia os alimentos na hora da refeição ou fica pensando no que aconteceu antes ou no que vai fazer depois? Você curte cada beijo, cada toque, na hora de ter uma relação sexual, ou fica preocupado se está fazendo direito, comparando com relações anteriores, pensando no que vai “ter” que fazer depois? Você dirige prestando atenção no trânsito, ou pensando que vai chegar atrasado, que vai precisar arrumar uma vaga pra estacionar, ou qualquer coisa do tipo?

Seria melhor pensar e viver o que está acontecendo agora. Você comeria menos e aproveitaria mais aquela deliciosa comida; transaria sentindo mais prazer e curtindo cada olhar, cada toque, cada movimento; não bateria o carro, não brigaria ou xingaria o motorista do carro ao lado, pensaria na vaga ao chegar próximo à rua onde precisa estacionar e se estressaria menos.

Viver o hoje é pensar, agir e sentir o agora, o já. Claro que precisamos planejar o futuro e relembrar coisas boas do passado. Mas façamos isso nos momentos de folga, ou nos momentos apropriados pra isso. Vamos curtir o hoje. Caminhar sentindo o corpo mexer, respirando corretamente, relaxando ombros, pescoço, cabeça. Nós vivemos com a cabeça cheia de coisas. De COISAS, mesmo. Muitas poderiam ficar pra depois, ou simplesmente serem deixadas de lado.

Vamos trabalhar pensando no que se está fazendo; conversar ouvindo o que o outro está falando; se exercitar sentindo a musculatura contrair e alongar; beijar sentindo aquele fogo gostoso subir pelo corpo; tocar a natureza e sentir sua força e energia; olhar pro céu e perceber a nossa própria pequenez e a grandeza deste mundo à nossa volta.

Há muito para ser vivido, curtido, saboreado. Mas só dá para fazer isso hoje. Portanto, seja feliz hoje! Já!

5.6.05

Será que é suficiente? -

Quanto medo e quanta indiferença nos fazem perder o sentido de nossas próprias existências? Ninguém deve implorar por amor, mas muitos de nós imploramos – só não me pergunte o porquê. Quando percebemos que estamos implorando para ser amados, percebemos que as coisas são diferentes do que antes supúnhamos; que ninguém olha pra você, ninguém nota você como você imaginava.

Num mundo de estranhos, cada sorriso, cada troca de olhares, são sinais de humanidade, de uma humanidade que percebe o outro, mas que também o mantém distante. O consumismo, a modernidade, já tão falados e debatidos, ainda não conseguiram suplantar a simpatia. Perceber a existência de um outro é também perceber-se como membro de uma teia de relações necessária e indestrutível.

Mas valorizar tanto a opinião e o julgamento do outro é um problema. Muitos brincam “Não é ele que paga minhas contas, ou lava minhas cuecas”, mas é ele que me percebe, que me admira, que me considera, que me contrata, que me tem por amigo, que me ama...

Pensar o amor é pensar em respeito, troca, mudança de ponto de vista. Pensar o amor é, sim, pensar em abdicar, ceder. Mas até que ponto se deve ceder?

Caminhamos nas ruas e percebemos olhares de atração, de aprovação, de rejeição, de interrogação. Caminhamos e percebemos que vivemos e funcionamos em função dessa sociedade falsa e inescrupulosa. Vivemos com medo de não ser o suficiente. O suficiente pra quê? Ou o suficiente pra quem? O suficiente pro trabalho, pro amigo, pro vizinho, pro chefe, pra família, pro namorado, pro mundo.

Fica difícil assim, não?

Percebo que devemos e só podemos ser suficiente para nós mesmos. Mas como saber o que é ser suficiente pra si mesmo? Acho que é ser, fazer, agir, olhar, degustar, cheirar, dar, somente o que lhe faça bem. Somente aquilo que o seu coração aceite sem qualquer contrariedade ou rejeição. Somente aquilo que não lhe dê medo. Somente aquilo que lhe deixe, de alguma forma, feliz.