12.6.05

Dia dos namorados, coração apertado –

Todo término de relacionamento é doloroso. Sofre-se pela saudade, pela perda da rotina, pela perda do carinho, pela perda da pessoa amada. Claro que, se não existia mais a paixão, não se sofre tanto. Mas não se deixa de sentir a falta da pessoa. Pode ser estranho postar uma crônica no dia dos namorados falando de términos, mas para muitos o dia dos namorados é, sim, um dia triste e doloroso.

Relacionar-se é saber conviver respeitando o outro. Usufruir a sua liberdade até o momento em que ela não fira a liberdade do companheiro. É amar o bom e o ruim. É aceitar as diferenças e aproveitar as convergências.

Nem sempre dá certo. Nós criamos expectativas e idealizamos as situações. E fazemos isso, muitas vezes, sem percebermos. Marcamos uma saída, planejando mil coisas, mas somente uma delas acontece. Vamos à locadora e nos frustramos na indecisão e discordância para o simples ato de escolher um filme. Pequenos detalhes de uma vida a dois que mostram a incompatibilidade de um casal. Se não se consegue estar bem no dia-a-dia, os grandes momentos de paixão não serão suficientes.

Com a relação terminada, a dificuldade é conseguir manter a amizade e não guardar mágoas desnecessárias. Quantas vezes você já quis matar o ex-namorado, sendo que o real motivo da sua raiva era orgulho ferido? É difícil perceber que não se é capaz de fazer um relacionamento dar certo, que não se foi bom o suficiente, ainda mais quando há uma idealização do companheiro.

Mas se não há idealização, o sofrimento pode ser considerado natural. Você amou alguém; apaixonou-se; entregou-se; doou-se. Vocês viveram momentos lindos juntos e aprenderam a superar vários obstáculos que fazem parte da maturação de um casal. Vocês dividiram a cama, a mesa, o sofá, o carro, o corpo, a alma.

Sofrer é natural. Quando acaba o sofrimento? O perdão é o primeiro passo. Mas o tempo é que vai fazer seu papel curativo e transformar aquele amor num sentimento de carinho, respeito e saudade.

Não se esquece ninguém. Todos falam: “logo você esquece ele”. Não esquece. A memória existe e as recordações são naturais. Apenas se transmuta o sentimento. Você muda de hábitos, passa a ter novas ocupações, faz novas amizades, até que conhece alguém mais compatível. E aquele grande amor passa a ser um antigo amor. Ainda um amor, mas que não faz mais parte da sua vida cotidiana e que não lhe inspira mais sentimentos de paixão ou desejo. Porque paixão e desejo passam, o amor é eterno.

Quem sabe vocês ainda não virem bons amigos? Se vocês conservarem o respeito e conseguirem cicatrizar as feridas, a amizade se torna o sentimento redentor e o conhecimento mútuo a forma de manterem contato e ajudarem um ao outro nos momentos de dificuldade. O término triste e doloroso pode ter como conseqüência uma futura felicidade mútua. Por que não?

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