6.12.05

Lágrimas -

Chorar faz parte da vida. As lágrimas nos ajudam a colocar a emoção para fora e limpar o coração, tantas vezes apertado pelas mágoas, tristezas, ansiedades. Cada lágrima escorrida é como um peso a menos em nossos ombros.

Mas não choramos só de tristeza. Choramos de alegria, de raiva, de remorso, de desapontamento, de saudade. Choramos por querer quem não temos mais; choramos ao termos concluído um trabalho difícil; choramos quando nos machucamos, física ou emocionalmente; choramos ao encontrarmos aquilo que buscávamos; choramos de agradecimento; choramos quando esperamos mais do que os outros são capazes de nos dar; choramos ao reencontrar um ser amado.

E como nós choramos! Alguns mais, outros menos. Há pessoas, que após um sério acontecimento da vida, deixam de chorar. Fecham-se no seu mundinho e seguram as emoções no canto mais profundo da memória. Se elas são fortes? Não, nem um pouco. Essas são as mais fracas, pois não têm nem coragem de encarar as próprias decepções e assumir o que sentem. Essas pessoas decidiram que, para conseguir suportar a vida, precisam parecer fortes para os outros. Mas tenha certeza: elas sabem exatamente o tamanho dos seus medos, das suas limitações e das suas fraquezas.

Até porque, chorar não é sinal de fraqueza – nem nunca foi! Aqueles pais machistas que dizem aos filhos: “chorar é coisa de mulher, seja forte!”, não sabem o mal que estão fazendo. Chorar significa estarmos abertos para o mundo e permitirmos que determinadas pessoas especiais conheçam quem somos de verdade e o que se passa em nosso coração.

As lágrimas podem ser tão bonitas. Podem demonstrar sensibilidade, empatia, compaixão. Podem ser uma grande prece, mais significativas do que muitas palavras decoradas. Podem ser também o escape de um sentimento egoísta, como a raiva, ou o ciúme. Mas só o fato de derramá-las já é um grande passo para estes, pois significam arrependimento.

Chore sempre. Chore com verdade. Chore com ou sem motivo. Mas não se perca em suas próprias lágrimas, porque chorar demais pode levar à depressão. Aprenda a ter equilíbrio - chore quando precisar, sorria a maior parte do tempo e dê risadas das piadas e dos enganos da vida.

Lembre-se: uma lágrima pode libertar um coração e um sorriso pode acordá-lo para a vida. Não deixe de chorar jamais. E corra sempre, sempre, em busca da sua felicidade.

Ah... Quando estiver feliz também pode chorar, viu!

22.10.05

Começar de novo... -

Nossa vida acontece em ciclos. Temos altos e baixos, solidão e paixão, alegrias e tristezas, empregos e desemprego, estudos e crescimento pessoal. Em alguns momentos, parece que estamos começando do zero: mudamos de trabalho, de amigos, de companheiro, até de cidade. E por vezes, esses fatores vêm todos juntos. E como é difícil recomeçar e só contar conosco mesmos.

A gente fraqueja, chora, quer desistir. A gente pede ajuda, reza, grita. A gente sai do lugar, faz diferente, dá novos passos. E como a gente aprende!

Ivan Lins escreveu uma música que traduz de um jeito impressionante o sentimento daqueles que têm que recomeçar. Vou transcrever a primeira parte da música, pois sei que muitos se sentem exatamente assim e precisam de muito estímulo para conseguir acordar a cada novo dia. “Começar de novo e contar comigo; vai valer a pena ter amanhecido; ter me rebelado, ter me debatido; ter me machucado, ter sobrevivido; ter virado a mesa, ter me conhecido; ter virado o barco, ter me socorrido (...)”.

Cada novo ciclo da vida exige de nós mudanças. Exige compreender o que passou, aceitar as perdas, conhecer nossas reais necessidades, amadurecer. Muitas vezes precisamos de um tempo parados para refletir e ter condições físicas e mentais para começar uma vida nova - precisamos estar prontos para isso.

Vale chorar; vale querer desistir; vale caluniar o outro; vale se isolar do mundo; vale “chutar o balde”. Mas só vale na hora, naquele momento em que a bomba explode e o nosso mundinho desaba. Depois, não vale mais. Depois, vale lutar; vale querer uma vida melhor; vale perdoar; vale acreditar que a força para recomeçar está dentro de nós mesmos.

É... a força para recomeçar está dentro de nós! Precisamos arrumar uma maneira de encontrá-la e seguir em frente.

Voltemos às músicas. Maria Rita regravou uma canção de Milton Nascimento. Outra música profunda, que diz mais nas entrelinhas do que podemos ouvir. Parte dela diz: “e assim, chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida. A plataforma dessa estação é a vida (...)”.

E esses são os recomeços: fins e inícios, encontros e desencontros. Para chegarmos a algum lugar, precisamos sair de onde estávamos. Muitas coisas que parecem essenciais hoje, representarão nada amanhã. Ou você nunca olhou para trás e se achou bobo por dar tanto valor a algo? Acho que isso diz tudo. A felicidade exige que abramos mão de algumas coisas. Muitas vezes dói, muitas vezes queremos desistir. Mas saber recomeçar é saber que a felicidade se constrói a cada minuto, a cada reencontro conosco mesmos, a cada novo começo.

15.10.05

Ai! Que ódio! -

Um dos piores sentimentos que existem é a raiva. Quando nos sentimos irados despejamos uma carga gigantesca de hormônios no nosso organismo, que nos deixa tensos, com os batimentos cardíacos acelerados, pressão sanguínea aumentada (literalmente a conhecida expressão: “o sangue sobe pra cabeça!”), além de inibir o lado racional do cérebro que nos permite pensar antes de agir.

Mas lidar com a raiva é um processo de paciência e perseverança. Começa em conseguir perceber a posição, os argumentos e as razões do outro. Compreendendo o outro, por mais que ele não tenha razão, paramos para pensar e conseguimos diminuir a intensidade do sentimento.

Depois, temos que aprender – sim! – a contar até dez, vinte, trinta, cem, se preciso. Respirar fundo e nos acalmarmos, antes de dizer algo ou reagir. Isso evita desgastes desnecessários de energia, brigas, discussões, mal entendidos. Dar tempo para a dosagem de hormônios não subir, ou mesmo diminuir, nos dá condições de responder de forma mais racional e moderada.

A raiva não nos ajuda a mudar o modo de pensar do outro, não nos ajuda a “dar uma lição” em ninguém, não permite que argumentemos com lucidez, não funciona nem como vingança. A raiva só atinge a nós mesmos. Só nós saímos do sério, prejudicamos nosso organismo, ficamos magoados. Só nós perdemos.

Uma das parábolas de Jesus, que já virou estória infantil, serve bem como ilustração. Vou contá-la, resumidamente, com minhas palavras: “quando um menino chegou em casa com muita raiva de um amigo da escola e disse para seu pai o quanto estava com ódio, o pai lhe deu um saco de carvão e pediu que atirasse num pano estendido no quintal. Após acabar com todo o carvão, o pai perguntou ao filho se estava mais aliviado. Ele respondeu que sim. Então, o pai pediu que olhasse para o pano à sua frente. O menino notou que não havia acertado todas as pedras no pano e que ele estava apenas um pouco manchado. Depois olhou para si mesmo e percebeu que estava inteiramente enegrecido pelos restos que nele caíam e pela fuligem que se espalhou por todo o seu corpo”. Acho que não preciso explicar a moral da história.

Pensamentos negativos só atraem energias negativas. Raiva só resulta em ressentimento e mágoas. Já o perdão e a compreensão têm como efeito o entendimento, o amor, o crescimento mútuo.

Como é bom, no momento em que a raiva começa a surgir, conseguir olhar para o outro e perceber que ele ainda não consegue agir diferente, ou ver que existem outras verdades que não a dele. Como é bom, nesse momento, saber calar e ouvir. Como é bom poder compreender e aceitar. Como é bom, após o outro desabafar, conseguir, com o coração cheio de amor, dizer: “eu te entendo”.

Existe melhor caminho para a felicidade?

9.10.05

Quem sou eu? -

Você sabe quem é você? Mesmo? Você sabe dizer exatamente do que gosta e do que não gosta? Como reage diante de uma situação difícil? Como é diante de muitas pessoas e se muda quando está perto de amigos íntimos? Sabe perceber quando é aceito e suas palavras desejadas? Conhece seus defeitos e suas qualidades?

Muitas perguntas, não? Mas necessárias. Necessárias ao auto-conhecimento. Saber o que somos, do que gostamos, como agimos, como somos vistos e até se somos diferentes de acordo com cada situação é essencial para sabermos lidar com o mundo, com as pessoas que convivemos e sermos felizes.

Uma frase muito conhecida diz “ame-se primeiro para depois amar, pois quem não tem algo não o pode dar”. Eu concordo. E também acho que ninguém ama quem não conhece. Então se não nos conhecemos, como podemos nos amar?

Conhecer-se começa por sabermos nossos limites. Compreender o que é válido em nossas vidas e o que não é. Por exemplo: você fuma? Saber se gosta do cheiro e do gosto do cigarro pode dizer se essa situação vai fazer parte do seu dia-a-dia, ou não. A mesma coisa para roupas, jóias, perfume, comida, bebida – você sabe exatamente do que gosta ou vai atrás de modismos para ser aceito? Será que você não muda seus hábitos, por exemplo, em função do hábito do parceiro?

Nós mudamos muito de acordo com as situações. Claro que não podemos ser brincalhões o tempo todo, ou sérios o tempo todo. Há momento para tudo. Mas mudar de opinião e de personalidade como quem muda de roupa é um grande problema.

Comece fazendo uma lista do que gosta e do que não gosta. Comece a perceber-se nas situações. Perceba no que você é diferente dos outros. Descubra o que gosta em você mesmo e o que pode fazer melhor. Entenda suas limitações e expanda suas qualidades. Aprenda a se aceitar como você é, mas tendo consciência de que sempre podemos mudar para melhor.

Mas o que é ser “melhor”? Aí está o auto-conhecimento. Sermos melhores hoje do que éramos ontem. Compararmo-nos a nós mesmos e não aos outros. Entendeu? Vou explicar melhor. As mulheres se acham magras ou gordas sempre se comparando a outras mulheres. Na escola, nos achamos bons ou maus alunos nos comparando aos outros alunos. Nos achamos pessoas benevolentes ou egoístas comparando nossos gestos aos dos outros.

E se mudarmos a perspectiva? Compare-se com você mesmo. Ontem você estava mais magro, menos inteligente, ou menos caridoso? Olhando para você mesmo há um ano, você era alguém melhor ou pior? Mas lembre-se que só vale a SUA PRÓPRIA concepção de “melhor” ou “pior”.

Saber quem é você é compreender o seu papel no mundo; é aceitar-se; é respeitar-se; é saber o que o faz mal e saber dizer não a isso; é conhecer suas aptidões; é saber quais são os seus sonhos; é saber e valorizar o que se tem de bom e especial na vida; é se olhar no espelho e conseguir dizer com o coração tranqüilo “EU ME AMO”.

Quando você se conhece e se ama, consegue viver com tranqüilidade, pois sabe o que quer, onde quer chegar e o que pode fazer para chegar lá. Quando você se conhece e se ama, pode amar e ser amado. Quando você se conhece e se ama, pode descobrir mais facilmente o caminho para a felicidade.

10.9.05

Bate Coração! -

Como é bom estar apaixonado. Poder falar aquela frase: “há quanto tempo eu não sentia isso!”. Quando nos apaixonamos parece que a vida fica mais colorida. Nossos pais sempre dizem que parece que vimos um “passarinho verde”. Não faço idéia de onde essa expressão surgiu, mas acredito que seja dita há décadas!

A paixão age no nosso organismo como quando comemos um doce delicioso, ou praticamos nosso esporte favorito: aumenta o nível de adrenalina e outros hormônios relacionados ao prazer. Ficamos mais ativos, corados, ansiosos.

Estar apaixonado é ver a vida com outros olhos; é perceber mais os detalhes; é contar as horas, os minutos; é rir por nada; é não conseguir pensar em mais nada; é saber que há alguém pensando em você; é planejar o dia em função de alguém; é se sentir feliz mesmo sem saber o porquê.

E quando não estamos apaixonados, parece que sempre estamos à procura desse sentimento. Parece que a paixão nos faz falta. Talvez pelas nossas carências, pela necessidade incessante que o ser humano tem de dar e receber amor e carinho.

Dizem que não escolhemos por quem nos apaixonamos. Eu ainda não pude comprovar essa tese. Mas que acontece de olharmos para alguém e perdermos o fôlego, sentirmos a pulsação aumentar e aquele calor subir, acontece! E, quanto a isso, é difícil tentar lutar. O desejo e a atração parecem mais fortes que nós.

Outras vezes ficamos com alguém por achar essa pessoa interessante e, só depois de um tempo, nos apaixonamos. Neste caso, a relação é um pouco mais “racional”, não perdemos a razão logo de cara. Mas quando a paixão vem, pela pessoa que nós escolhemos, é tão bom. O sentimento é o mesmo, as sensações são as mesmas. E se sabemos que ela combina de verdade conosco, perfeito! Achamos a pessoa certa.

Mas mesmo que você não tenha escolhido, apaixone-se sempre! Não perca oportunidades esperando a “pessoa certa”. Ela vai aparecer na “hora certa”. Até lá, viva o hoje. Sentindo tudo o que o hoje pode lhe dar! Sendo feliz hoje, mesmo que não seja como no conto da Cinderela. Pois a felicidade é vivida a cada minuto e não para sempre...

3.9.05

Por que comigo? Justo comigo! –

Como é ruim decepcionar-se. Dizer que não devemos criar expectativas é falar o óbvio. Só que, mesmo assim, continuamos a não só criar essas expectativas, mas a colocar todas as nossas energias e perspectivas em um só foco. Quando o que esperamos não acontece ou dá errado, vem aquela baita decepção.

Já que as expectativas são naturais, acho que o conselho a ser dado é outro. Precisamos é fundamentar equilibradamente nossas vidas em três fatores essenciais: o físico (saúde, lazer, esportes), o emocional (família, amigos, companheiro, religião) e o intelectual (estudo, trabalho). Doando a mesma energia, tempo e dedicação a cada um desses três fatores é possível não cair, mesmo diante de uma grande decepção, pois teremos outras bases em que nos apoiar.

O problema é que, se queremos algo, largamos todo o resto em função disso. Se estamos na faculdade, só estudamos - o resto da vida praticamente pára. Se estamos em um relacionamento, depositamos todas as nossas expectativas no futuro dessa relação. E se ela acaba? Nós afundamos junto. Se trabalhamos demais, vem o estresse, perdemos a saúde. É preciso haver um equilíbrio.

Este equilíbrio é que vai trazer a segurança para resistirmos a qualquer tipo de decepção.

Acho que o mais difícil é quando nos decepcionamos com alguém. Para o dinheiro se dá um jeito, para o relacionamento, arrumamos outro. Mas acreditar, confiar e até idolatrar alguém e perceber que esta pessoa não era nada daquilo que acreditávamos dói. Dói porque nos sentimos traídos, burros, ingênuos. A decepção é mais conosco mesmos do que com o outro.

E como recuperar-se? Aprendendo que ninguém pensa como nós; ninguém age como nós; ninguém se doa como nós. Aprendendo que ninguém é perfeito, pelo contrário, as pessoas têm defeitos e agem sempre pensando em si em primeiro lugar. Isso é ruim? Não. Devemos pensar primeiro em nós. Mas não devemos ser egocêntricos. Precisamos conseguir olhar para o lado e ver que existe um outro igual a nós: alguém que está aqui para aprender, crescer, melhorar, evoluir.

E não podemos achar que porque nos decepcionamos com uma pessoa, todo o resto do mundo não presta. Não diz o ditado que “a esperança é a última que morre”. Acredite nisso. Entrar em depressão é cavar diariamente e continuamente um buraco, estando dentro dele! Quem sabe não seja você mesmo quem vai fazer essa pessoa, foco da sua desilusão, ser alguém melhor?

A vida é um ciclo diário. Todo dia podemos começar uma nova história. Basta querermos e termos PERSEVERANÇA. Nenhuma decepção dura para sempre. Assim como nenhuma alegria. Por isso, cada decepção é somente o fim de um ciclo e início de outro. Se aprendermos com o que nos fez sofrer, podemos fazer diferente no novo ciclo que se inicia. Fazendo diferente, a chance de sermos felizes é cada dia maior.

28.8.05

Sonhar não custa nada -

Conheço muita gente que vive sonhando. Outras que vivem sem sonhos. Acho que o melhor é viver para alcançar os sonhos. Não falo de devaneios, como ganhar na loteria ou virar astro de cinema mundial. Mas daqueles sonhos que dão sentido à vida e nos fazem ter vontade de acordar a cada dia.

Todo mundo tem algum sonho dentro de si, seja construir família e ter filhos, alcançar uma posição de destaque na profissão, ser um campeão no esporte, ganhar um Prêmio Nobel – quem sabe? Acho que tudo isso é possível. Mas o importante mesmo é ter sonhos. Saber que estamos vivendo pra chegar em algum lugar, pra alcançar algum objetivo.

Você está perdido? Não sabe aonde quer chegar? Então pare e pense. Caminhar por caminhar só serve para manter a saúde, fortalecer a musculatura. Fora isso, precisamos saber para onde estamos indo, que caminhos temos que tomar, que paradas precisaremos fazer, que habilidades precisaremos aprender.

Ter sonhos e não traçar caminhos para alcançá-los não serve de nada.

Saber para onde ir é só o primeiro passo, mas sem isso, não há um segundo passo. Talvez haja, mas será que você não estará rodando em círculos? Tenha metas; imponha-se prazos; lute contra a preguiça; seja perseverante; tenha determinação; não deixe de viver o presente, mas aja visando o futuro.

Quantos não começam vários cursos, várias faculdades e ainda assim se sentem perdidos? Eu sempre aconselho a ouvir o coração. A vontade de ganhar dinheiro é justa; de ter um nome conhecido é justa; de não querer uma rotina também é justa! Mas se o coração não está satisfeito, nenhum dinheiro do mundo vai lhe trazer paz ou felicidade.

A gente só é feliz quando faz o que gosta, quando tem o que deseja. Então saiba o que você quer e lute por isso! Sonhar não é só vivenciar momentos na hora do sono. Sonhar é ter esperança; é saber que vale a pena o salário baixo, o patrão chato; é se conhecer e compreender as próprias necessidades; é acreditar que tudo é possível se tirarmos a bunda da cadeira e começarmos a agir. Sonhar é viver o hoje com a certeza de um amanhã melhor.

Nunca desista dos seus sonhos! Jamais! Viver sem sonhos é morrer devagarzinho: não há razão para acordar, motivo para trabalhar, sentido para sorrir. E quem não ama, não luta, não trabalha e não sorri, não sonha e nem vive.


Então sonhe! Sonhe alto! Vá em busca do que o seu coração pede. Ele nunca erra, pode ter certeza! Sonhe e alcance essa tão desejada felicidade.

21.8.05

Alguém ou ninguém? -

Você já parou para pensar que para 99,9% do mundo você é ninguém? Bilhões de habitantes na terra desconhecem completamente a sua existência. Mas ao mesmo tempo, para um pequeno grupo de pessoas especiais, você É ALGUÉM. Agora vem a pergunta: para você, importa que QUEM o considere alguém? Somente sua família e um grupo de amigos? Aquela pessoa especial? A cidade onde mora? Ou o país inteiro?

Talvez o mais difícil seja para aqueles que se sentem como ninguém. Acredito que isso aconteça por uma visão equivocada de um ser ainda perdido na estrada da vida. Pois sempre há alguém que nos considera ALGUÉM, assim mesmo, com letras maiúsculas, com muito carinho, muito amor.

Tudo depende do que nós queremos, do que nos é suficiente ou não.

Existem pessoas que vivem rodeadas de amigos, sempre juntos, nas festas, nos estudos, no trabalho. Outras têm mais dificuldades e contam apenas com um pequeno grupo. Daqueles em que um desconhece o outro, pois cada um faz parte de um contexto diferente, em situações, climas e intensidades diferentes.

São poucos aqueles que podem dizer que têm muitos AMIGOS - no sentido de pessoas confiáveis, chegadas, que nos conhecem de verdade e estão sempre lá quando precisamos. A maioria das pessoas tem muitos colegas e alguns amigos. Outras têm poucos colegas e um ou dois amigos.

Mas o importante não é a quantidade, mas a qualidade e o que esperamos dessas pessoas. Se esperarmos muito, temos grandes chances de nos decepcionarmos. Mas se soubermos compreender que cada um só dá aquilo que possui, ou aquilo que sabe, nos decepcionaremos menos.

Não se sinta como ninguém. Não haja de forma a se tornar ninguém – porque isso é possível! Pessoas arrogantes, egoístas, manipuladoras, têm grandes chances de se tornar ninguém, pois acabam distanciando todos aqueles que poderiam considerá-la ALGUÉM. Elas se tornam um alguém indesejado, ou, simplesmente, ninguém.

Ser ALGUÉM significa ser especial, ser único, ser amigo, ser companheiro, ser amado. Deseje ser ALGUÉM para pessoas que também são ALGUÉM para você. Braços de menos de um metro não podem abraçar o mundo! Você pode até ser conhecido por muitas, centenas, milhares de pessoas, mas para elas você será só mais um alguém, assim, com letras minúsculas.

Valorize os ALGUÉNS da sua vida. Assim, você sempre será ALGUÉM. Sempre! E a felicidade? Ela vem como consequência natural.

14.8.05

Preto e branco ou arco-íris? -

Cada um vê o mundo de uma forma. Ninguém vê as cores da mesma maneira. Ninguém percebe os mesmos detalhes e objetos quando chega num ambiente. Lembra que quando você era criança tudo parecia enorme? Hoje você volta ao mesmo lugar e vê tudo menor, mais simples.

Agora imagine nas questões subjetivas da vida. Cada ser humano recebeu uma educação familiar diferente, estudou em lugares diferentes, cresceu em culturas diferentes, aprendeu a ver o mundo com olhos únicos e conceitos particulares. Isso sem contar a personalidade de cada um! Uma situação que leva, invariavelmente, a modos de vida exclusivos e percepções diferenciadas.

A convivência em grupo é um eterno jogo de opiniões, julgamentos, concordâncias ou discordâncias.

Há aquelas pessoas pessimistas, que parecem ver o mundo em preto e branco, ou é oito ou oitenta. Pessoas que sempre vêem o copo meio vazio; que buscam o pior em cada situação; que reclamam constantemente de tudo. Mas também há aquelas que percebem os dias com todos os matizes infinitos que vão do vermelho ao violeta do arco-íris. Pessoas sorridentes, de bem com a vida, que buscam o melhor e sempre dão aquele incentivo quando mais precisamos. Em que grupo você se encaixa?

Claro que existe o meio termo, e que, até as mais otimistas, têm dias ruins. Mas a dificuldade consiste em conviver com as diferenças e ser tolerante para com aqueles que ainda não percebem a magia das cores da vida.

Ter compaixão, compreender o outro, saber calar, saber ouvir, são qualidades essenciais nos dias de hoje – e sempre! Qualidades a serem cultivadas por nós; a serem aprendidas e ensinadas.

Saibamos ver a graça do dia. Saibamos entender as diferenças gigantescas existentes entre cada um de nós. Saibamos olhar o outro e percebê-lo como alguém que sofre e batalha como nós. Saibamos nos colocar no lugar do outro e perceber como ele olha a vida.

Colocando as diferenças de lado, conseguimos conviver em harmonia. Conseguimos entender um pouquinho do que significa essa palavra tão desejada chamada felicidade.

7.8.05

Solidão... Ah! Solidão! -

Você já se sentiu sozinho? Claro. Acho que todo mundo, pelo menos alguma vez na vida, já se sentiu sozinho. Mas tem gente que passa por momentos maiores de solidão. Momentos em que um enorme vazio parece tomar conta do peito e em que a tristeza é inevitável. Os motivos podem ser os mais variados: a perda de alguém, a distância, a inadequação a situações e amizades, ou a falta de um companheiro.

Aí, saber lidar com a solidão é o mais importante. Seja buscar os colegas e amigos; sair da rotina; abrir o coração!

Nenhuma solidão é eterna, afinal, nunca estamos realmente e completamente sozinhos. Vivemos em sociedade e convivemos com dezenas de pessoas diariamente. Claro que, muitas vezes, os colegas de trabalho não vão suprir a solidão, até porque a conversa no trabalho pode ser só sobre trabalho. E talvez nem os amigos resolvam o problema, pois o sentimento que se tem deseja um “algo a mais”, que não pode ser suprido com um bate-papo de bar ou uma simples conversa. Mas essas são situações que ajudam a fugir da solidão, a driblá-la.

Acredito que estar aberto ao mundo, ter objetivos e, o mais importante, ter paciência, são as soluções mais imediatas à solidão. Chorar faz parte. Desejar faz parte. Se isolar (por alguns momentos apenas!) faz parte. Mas o melhor ainda é descobrir que fatos, atitudes, distanciamentos, prioridades, levaram a esta situação de solidão.

Qualquer médico inteligente diz: “não adianta tratar os sintomas, precisamos descobrir as causas”. Acho que neste ponto é que começamos a lidar corretamente com a solidão – descobrindo a sua causa! E, a partir daí, fazer diferente, buscar o que se deixou de lado, ir atrás do que lhe fará feliz.

Eu tenho certeza de que a felicidade depende essencialmente de nós mesmos. Se a solidão é causada pela falta de alguém, podemos ir atrás desse “alguém”, ou então ter paciência e estar pronto para quando ele chegar. E estar pronto significa se amar em primeiro lugar; significa ter expectativas realistas quanto a alguém que realmente vá combinar com você.

Eu acredito que a solidão também seja uma fase de amadurecimento, em que aprendemos a nos valorizar e a compreender e respeitar o outro. Imagine aparecer um verdadeiro príncipe encantado (ou princesa, claro!) e você não estar preparado pra ele? Isso acontece mais do que você imagina. Pessoas maravilhosas cruzam nossos caminhos e as deixamos passar sem nem perceber o que poderíamos ter tido.

É por isso que acredito que a felicidade dependa, em primeiro lugar, de nós. O outro só vai completar e ser mais uma parte de nossas vidas, entre trabalho, religião, família, amigos, lazer. A solidão muitas vezes é uma fase de preparação. No caso de uma perda, ela é uma fase de transformação e aprimoramento. Mas sempre é amadurecimento. Acreditar nisso, faz a dor ser menor; faz termos esperança de que o amanhã será melhor. Ser feliz depende de uma mudança na forma de ver o mundo. Afinal, a felicidade começa dentro de nós mesmos...

4.7.05

É namoro ou amizade? -

Você está no meio de um evento qualquer, começa a conversar com alguém e surge uma inesperada confluência de idéias e uma estranha atração. No momento, você sabe que encontrou alguém especial e que combina com você. Mas como saber até onde levar esse encontro “casual”?

O normal é marcar um segundo encontro. Mas pode ser que a sensação tenha vindo só de um dos lados. Neste caso, acredito que, no máximo, vocês serão amigos. Mas, e se os dois sentirem a mesma coisa? Aí é que surge o problema.

Existem pessoas que combinam em alguns pontos e em outros, não. Pode-se ter assunto por horas, ter uma identificação com atividades em comum, mas no lado íntimo não dar certo. E pode ser ao inverso: um simples toque fazer pegar fogo, mas não se ter nada para conversar ou aprender juntos. De qualquer forma, acredito que só o tempo seja capaz de mostrar o que a relação pode render.

Conhecer o outro, saber como ele age, quais são seus costumes e manias, é que vai mostrar se a relação pode virar um namoro ou ser só uma amizade. Tem quem fale: “se esforça, ignora essa mania dele!”. Desculpe-me, mas eu discordo. Se há esforço, virem amigos. Uma relação de casal só pode dar certo se não houver esforço, se tudo fluir naturalmente.

Luis Carlos Restrepo, em seu livro “O Direito à ternura”, coloca que todo relacionamento se baseia na dependência e na singularidade. Explicando melhor: ele diz que é impossível existir essa tão proclamada independência, pois estar ao lado de alguém, confiar e dividir é, essencialmente, depender; mas, ao mesmo tempo, ele explica a necessidade de se respeitar e manter a singularidade do outro, afinal, foi por ele ser quem ele é, que houve o desejo inicial. Se essas duas coisas, a dependência e a individualidade, conseguirem coexistir, haverá ternura e um relacionamento saudável.

A partir disso, podemos imaginar a dificuldade de se manter um relacionamento estável. Muitos já nascem destinados a serem apenas amizade e outros a irem mais a fundo, já que nem todas as pessoas conseguem depender da outra e não tentar modificá-la ao mesmo tempo.

Saindo do conceitual e voltando à prática, é preciso falar da “química”. Se o beijo não combina, se o tesão não rola, por que insistir e tentar fazer de uma bela amizade um desastroso relacionamento? E se só existe isso, porque tentar fazer de um caso um namoro? Para haver um namoro gostoso, com trocas e prazeres, é preciso haver a amizade e o tesão ao mesmo tempo.

Acho que basta que sejamos sinceros conosco mesmos e percebamos o que o nosso coração nos diz para saber até onde um relacionamento pode e deve ir. Seguindo o coração e havendo respeito, haverá felicidade.


Bibliografia:
Restrepo, Luis Carlos. O Direito à ternura. Petrópolis, RJ – Ed. Vozes, 1998.

20.6.05

Mandar ou liderar -

Muitas pessoas nascem com características de liderança. São os que apresentam os trabalhos na frente da sala no colégio, viram capitães de gincana, organizam festas, até chegarem a cargos de chefia dentro de suas profissões. Ser líder parece ser muito bom. Todos gostam de comandar, mandar. Mas ser um líder é muito mais do que mandar.

Ser líder é compreender todo o funcionamento da estrutura liderada, desde a parte material, execução, pessoas, até as conseqüências de cada ato tomado. Porque ser líder é saber comandar sem dar ordens; é saber organizar sem restringir; é saber decidir sem impor; é saber se colocar no lugar do outro e tratá-lo com como gostaría de ser tratado.

Um bom líder é respeitado sem precisar pedir respeito, porque sua postura e seus atos demonstram seu caráter e sua capacidade – o respeito acontece naturalmente. Um bom líder tem amizade com sua equipe e sabe valorizar o talento e a força de vontade de cada um. Um bom líder acredita e confia que as tarefas designadas serão executadas, pois ele dá a chance do outro mostrar seu valor.

Mas um líder também é um ser humano, também erra e também tem que ser capaz de admitir seus erros com humildade e resignação. A liderança é uma grande tarefa, uma grande alegria, mas também uma enorme responsabilidade.

E o líder não é só o chefe do trabalho. O chefe do lar, o pai ou a mãe, também são líderes.

Conheço líderes carrascos, egocêntricos e orgulhosos. Mas também conheço alguns amigos, companheiros, humildes e iluminados. Pessoas essas capazes de lhe abrir portas e lhe permitir crescer e aprender. Pois um bom líder não só coordena, mas ensina. Seja ele chefe ou pai.

Estar do outro lado, ser o subordinado, muitas vezes não é fácil. É preciso compreender as dificuldades, os encargos e a pressão que o superior sofre. Muitas vezes acontece de ele lhe cobrar algo, ou dizer algo, de uma forma que lhe magoe ou humilhe. Nessas horas é necessário saber percebê-lo como aquele ser humano que erra e saber perdoar. Pois um bom líder também sabe perdoar e dá sempre uma segunda chance.

Na convivência em equipe sempre ocorrem desafetos e desentendimentos, pois as pessoas são diferentes, pensam diferente e agem diferente, seja no escritório ou em casa. Ser líder é saber administrar essas diferenças e fazer do relacionamento em equipe um relacionamento saudável, produtivo e feliz. Por isso, aprender a ser líder é aprender a cultivar a felicidade no ambiente em que se convive. É ser otimista e positivo. Eu acredito que esse é um bom líder.

12.6.05

Dia dos namorados, coração apertado –

Todo término de relacionamento é doloroso. Sofre-se pela saudade, pela perda da rotina, pela perda do carinho, pela perda da pessoa amada. Claro que, se não existia mais a paixão, não se sofre tanto. Mas não se deixa de sentir a falta da pessoa. Pode ser estranho postar uma crônica no dia dos namorados falando de términos, mas para muitos o dia dos namorados é, sim, um dia triste e doloroso.

Relacionar-se é saber conviver respeitando o outro. Usufruir a sua liberdade até o momento em que ela não fira a liberdade do companheiro. É amar o bom e o ruim. É aceitar as diferenças e aproveitar as convergências.

Nem sempre dá certo. Nós criamos expectativas e idealizamos as situações. E fazemos isso, muitas vezes, sem percebermos. Marcamos uma saída, planejando mil coisas, mas somente uma delas acontece. Vamos à locadora e nos frustramos na indecisão e discordância para o simples ato de escolher um filme. Pequenos detalhes de uma vida a dois que mostram a incompatibilidade de um casal. Se não se consegue estar bem no dia-a-dia, os grandes momentos de paixão não serão suficientes.

Com a relação terminada, a dificuldade é conseguir manter a amizade e não guardar mágoas desnecessárias. Quantas vezes você já quis matar o ex-namorado, sendo que o real motivo da sua raiva era orgulho ferido? É difícil perceber que não se é capaz de fazer um relacionamento dar certo, que não se foi bom o suficiente, ainda mais quando há uma idealização do companheiro.

Mas se não há idealização, o sofrimento pode ser considerado natural. Você amou alguém; apaixonou-se; entregou-se; doou-se. Vocês viveram momentos lindos juntos e aprenderam a superar vários obstáculos que fazem parte da maturação de um casal. Vocês dividiram a cama, a mesa, o sofá, o carro, o corpo, a alma.

Sofrer é natural. Quando acaba o sofrimento? O perdão é o primeiro passo. Mas o tempo é que vai fazer seu papel curativo e transformar aquele amor num sentimento de carinho, respeito e saudade.

Não se esquece ninguém. Todos falam: “logo você esquece ele”. Não esquece. A memória existe e as recordações são naturais. Apenas se transmuta o sentimento. Você muda de hábitos, passa a ter novas ocupações, faz novas amizades, até que conhece alguém mais compatível. E aquele grande amor passa a ser um antigo amor. Ainda um amor, mas que não faz mais parte da sua vida cotidiana e que não lhe inspira mais sentimentos de paixão ou desejo. Porque paixão e desejo passam, o amor é eterno.

Quem sabe vocês ainda não virem bons amigos? Se vocês conservarem o respeito e conseguirem cicatrizar as feridas, a amizade se torna o sentimento redentor e o conhecimento mútuo a forma de manterem contato e ajudarem um ao outro nos momentos de dificuldade. O término triste e doloroso pode ter como conseqüência uma futura felicidade mútua. Por que não?

8.6.05

Hoje é só hoje -

Você já se perguntou se você valoriza o dia de hoje? O dia de hoje em toda a sua plenitude, potencial, encontros, descobertas, detalhes, insights. A gente vive lembrando do desencontro de ontem, do que deixou de fazer, do que fez errado, do que deveria ter feito diferente; mas também daquele momento maravilhoso, da conquista festejada, das alegrias vivenciadas. Ou então se perde em planos para o futuro: em uma hora tenho que fazer isso, amanhã tenho que resolver aquilo, tenho, tenho, tenho...

Mas e o agora? Aquele olhar que você acabou de trocar, a palavra que acabou de proferir, o trabalho que está realizando? Pode parecer piegas, mas você olha pro céu ao sair de casa pela manhã? Percebe os cheiros à sua volta? Cumprimenta aqueles pelos quais passa ou encontra no elevador? Você percebe o que seu corpo está lhe dizendo ou lhe pedindo? Um exemplo bobo: quantas vezes você ficou horas com vontade de fazer xixi e adiou, sem motivos, a ida ao banheiro? Às vezes sem nem perceber que precisava ir ao banheiro!

Eu acredito que não passamos nem 50% do nosso tempo vivenciando o agora.

Você saboreia os alimentos na hora da refeição ou fica pensando no que aconteceu antes ou no que vai fazer depois? Você curte cada beijo, cada toque, na hora de ter uma relação sexual, ou fica preocupado se está fazendo direito, comparando com relações anteriores, pensando no que vai “ter” que fazer depois? Você dirige prestando atenção no trânsito, ou pensando que vai chegar atrasado, que vai precisar arrumar uma vaga pra estacionar, ou qualquer coisa do tipo?

Seria melhor pensar e viver o que está acontecendo agora. Você comeria menos e aproveitaria mais aquela deliciosa comida; transaria sentindo mais prazer e curtindo cada olhar, cada toque, cada movimento; não bateria o carro, não brigaria ou xingaria o motorista do carro ao lado, pensaria na vaga ao chegar próximo à rua onde precisa estacionar e se estressaria menos.

Viver o hoje é pensar, agir e sentir o agora, o já. Claro que precisamos planejar o futuro e relembrar coisas boas do passado. Mas façamos isso nos momentos de folga, ou nos momentos apropriados pra isso. Vamos curtir o hoje. Caminhar sentindo o corpo mexer, respirando corretamente, relaxando ombros, pescoço, cabeça. Nós vivemos com a cabeça cheia de coisas. De COISAS, mesmo. Muitas poderiam ficar pra depois, ou simplesmente serem deixadas de lado.

Vamos trabalhar pensando no que se está fazendo; conversar ouvindo o que o outro está falando; se exercitar sentindo a musculatura contrair e alongar; beijar sentindo aquele fogo gostoso subir pelo corpo; tocar a natureza e sentir sua força e energia; olhar pro céu e perceber a nossa própria pequenez e a grandeza deste mundo à nossa volta.

Há muito para ser vivido, curtido, saboreado. Mas só dá para fazer isso hoje. Portanto, seja feliz hoje! Já!

5.6.05

Será que é suficiente? -

Quanto medo e quanta indiferença nos fazem perder o sentido de nossas próprias existências? Ninguém deve implorar por amor, mas muitos de nós imploramos – só não me pergunte o porquê. Quando percebemos que estamos implorando para ser amados, percebemos que as coisas são diferentes do que antes supúnhamos; que ninguém olha pra você, ninguém nota você como você imaginava.

Num mundo de estranhos, cada sorriso, cada troca de olhares, são sinais de humanidade, de uma humanidade que percebe o outro, mas que também o mantém distante. O consumismo, a modernidade, já tão falados e debatidos, ainda não conseguiram suplantar a simpatia. Perceber a existência de um outro é também perceber-se como membro de uma teia de relações necessária e indestrutível.

Mas valorizar tanto a opinião e o julgamento do outro é um problema. Muitos brincam “Não é ele que paga minhas contas, ou lava minhas cuecas”, mas é ele que me percebe, que me admira, que me considera, que me contrata, que me tem por amigo, que me ama...

Pensar o amor é pensar em respeito, troca, mudança de ponto de vista. Pensar o amor é, sim, pensar em abdicar, ceder. Mas até que ponto se deve ceder?

Caminhamos nas ruas e percebemos olhares de atração, de aprovação, de rejeição, de interrogação. Caminhamos e percebemos que vivemos e funcionamos em função dessa sociedade falsa e inescrupulosa. Vivemos com medo de não ser o suficiente. O suficiente pra quê? Ou o suficiente pra quem? O suficiente pro trabalho, pro amigo, pro vizinho, pro chefe, pra família, pro namorado, pro mundo.

Fica difícil assim, não?

Percebo que devemos e só podemos ser suficiente para nós mesmos. Mas como saber o que é ser suficiente pra si mesmo? Acho que é ser, fazer, agir, olhar, degustar, cheirar, dar, somente o que lhe faça bem. Somente aquilo que o seu coração aceite sem qualquer contrariedade ou rejeição. Somente aquilo que não lhe dê medo. Somente aquilo que lhe deixe, de alguma forma, feliz.

18.2.05

Xô, medo! -

Por que será que temos tanto medo? Medo de escuro, medo de compromisso, medo de aranha, medo da solidão, medo de altura, medo de não ser feliz. O medo está diretamente associado à ansiedade, que está ligada à insegurança, que advém da baixa auto-estima. Um processo cíclico, que pode ser considerado patológico se exagerado e sem base na realidade concreta.

O medo normal é aquele que sentimos antes de uma prova, de uma entrevista, ou de um encontro importante. Ele nos deixa mais alerta e mobiliza nosso corpo para reagir com mais rapidez e mais precisão diante do estímulo amedrontador. É extremamente saudável e necessário sentir medo, pois um baixo nível de ansiedade favorece nossa adaptação às novas circunstâncias da vida.

Mas, às vezes, o medo aparece muito antes do que deveria e sem qualquer razão forte o suficiente que o justifique, nos trazendo sensações desagradáveis, tensão e desconforto. Esse medo patológico se diferencia do medo normal, pois não tem razão objetiva. Ele provoca uma aflição (ansiedade) desmedida e é acompanhado de sintomas físicos como falta de ar, sudorese, paralisia temporária, entre outros. Nesses casos, a própria pessoa sabe que o que sente é um exagero diante do tamanho do problema.

Ao sentirmos medo, uma série de processos químicos é desencadeada no nosso organismo. Primeiro, o cérebro intensifica a produção de adrenalina, noradrelina e acetilcolina. Esses hormônios causam, em questão de segundos, alterações no corpo todo: as pupilas se dilatam, aumentam os batimentos cardíacos, os músculos recebem mais sangue, a respiração se torna curta e ofegante e a digestão é acelerada. Tudo para deixar o corpo pronto para responder a qualquer emergência.

Pessoas com transtorno de ansiedade costumam conviver com esse tipo de sintomas diariamente. Qualquer coisa é motivo para sentir medo; um evento futuro é tomado como ameaça; estímulos banais e fatos do dia-a-dia se transformam em preocupação.

Mas por que sentimos medo por coisas tão bobas? Claro que cada um reage de maneira diferente às situações e que os acontecimentos da infância e a forma como somos criados nos dão um repertório de respostas dos mais variados. Especialistas dizem que, na nossa memória, estão armazenados dados genéticos que nos remetem a temores dos nossos ancestrais, como o medo de animais ferozes, do fogo ou da escuridão. Tudo isso precisa ser levado em conta. Mas conhecer a realidade do que estamos enfrentando e medir nossas reações é necessário.

Temer uma mudança radical na vida é normal. Mas ficar em constante estado de alerta um mês antes da mudança ocorrer faz mal. Por isso, precisamos exercitar “medidas de contenção”, seja um relaxamento, uma conversa, a análise do problema, apoio psicológico, um estímulo encorajador, ou, em último caso, medicação.

Acho que é do senso comum que, quando criança, temos menos medo de nos arriscarmos do que na fase adulta. Para a criança é fácil aprender um esporte de aventura, subir em árvores, se jogar ladeira abaixo. Quando crescemos, até colocar um patins no pé se torna extremamente complicado. As crianças não têm noção do real perigo envolvido em diversas atividades. A falta dessa percepção faz com que o medo não apareça. Claro que isso, muitas vezes, é um problema. Mas, talvez, possamos aprender com essa “ingenuidade” infantil. Você já pensou em reavaliar as situações da sua vida e vê-las sob um novo ângulo?

O medo é indispensável, ele nos põe alguns limites necessários. Mas muitas vezes nos tornamos verdadeiros “cagões” por vermos a realidade de forma distorcida e não acreditarmos nas nossas próprias capacidades. Precisamos nos dar mais valor, questionar nossos conceitos. Pode ter certeza, nós podemos bem mais do que pensamos! Então, deixemos os medos de lado e corramos em busca da felicidade!


Fontes:
- Frederico Graeff, Universidade de São Paulo (Veja).
- Ballone GJ - Medos, Fobias & outros bichos - in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, Internet, 2001 - disponível em http://gballone.sites.uol.com.br/voce/medos.html
- Ballone GJ - A Realidade do Outro - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://sites.uol.com.br/gballone/voce/outro.html

12.2.05

Saudade, palavra triste –

Poucas são as palavras que têm um sentido tão forte e com tamanha abrangência quanto saudade. Esse simples vocábulo nos remete a sentir falta, carinho, admiração, respeito, tristeza, alegria, angústia, ansiedade, amizade, amor, etc.. Quando sentimos saudade, lembramos de alguém ou de algo que é extremamente importante em nossas vidas. Lembramos de coisas boas, coisas que nos fazem feliz.

Porque saudade é fechar os olhos e ver um sorriso, sentir um toque, recordar um perfume, ouvir uma sinfonia, perceber o gosto doce que ficou na memória; é ignorar a distância, sem ver o tempo passar; é dar risada sozinho, derramar uma lágrima, ou ter falta de ar; é valorizar detalhes; é querer tudo de novo.

E saudade dói - como dói! Dói porque parece perto, mas está tão longe. Dói porque ficou no passado, o que queríamos ter no presente. Dói porque esse raio dessa coisa chamada saudade é forte demais!

Mas a saudade não deixa de ser uma boa companheira. Ela só fala de momentos bons, de lugares belos, de pessoas amadas, de gestos de carinho. Ela nos lembra que precisamos buscar a felicidade e que não podemos desistir ou ignorar o que nos faz bem. Ela nos chama a tomar uma atitude, já que não dá pra viver só na saudade.

Há coisas que realmente ficam pra trás. Não podemos trazer de volta aqueles que já se foram, ou voltar para o que não existe mais. Mas podemos lutar para estar ao lado de quem amamos; podemos diminuir a distância ligando, escrevendo, revendo – mesmo que sejam fotos; podemos visitar; podemos pedir desculpas ou aceitar as desculpas; podemos mudar de emprego, de cidade; podemos não desistir.

Dizem que o que não tem solução, remediado está. Se não há o que fazer para diminuir a saudade, novos momentos virão para mostrar que há muito mais para se viver, lugares para se conhecer, paixões para se ter. Nada vai ser igual. Nada vai tomar o lugar do que passou. Mas alegrias e conquistas vêm nos dizer que precisamos olhar pro presente e planejar o futuro. Do passado, a saudade vai ser o lembrete de que a felicidade sempre fez parte de nossas vidas. E se possível, façamos tudo para não ficarmos só na saudade e vivermos - hoje! Agora! Já! – tudo aquilo que queremos e merecemos!

11.2.05

Amor sem limites -

Muitas vezes na vida acreditamos que estamos amando. E em outras não damos o menor valor para os nossos sentimentos. Digo isso, pois acho que confundimos demais o que é o amor. Pense em alguém que você quer bem, alguém que é importante na sua vida, alguém que enche seu coração só de lembrar, alguém que pode passar anos longe de você, mas o carinho e o respeito não diminuem. Pensou? Eu acredito que você ama essa pessoa, seja ela homem, mulher, amigo, parente, companheiro.

O amor é tão simples, mas tão simples, que nós acabamos por complicá-lo, como se ele fosse ter mais graça dessa maneira. É verdade. Você diz gostar dos seus bons amigos, mas já tentou trocar esse verbo por amar? Diga: Eu amo "fulano". Se você for homem já pode complicar e dizer que acha coisa de viado. Pára! Amar alguém é querer bem a uma pessoa, é respeitá-la, é compreendê-la, é sentir saudades dela, é gostar da companhia, é não querer que ela sofra, é sentir vontade de ajudá-la, é sabê-la alguém que lhe faz crescer, e saber-se alguém que a faz crescer.

Concordo que amar um companheiro acrescente alguns itens a essa lista. Mas é amor da mesma forma. A diferença é que, no amor de um casal, existe desejo, paixão, sexo. Porque amar alguém é admirá-lo pelo que ele é de verdade, pela sua forma de viver, pela sua inteligência, pela sua moralidade, pelo seu jeito, por como ele trata aqueles com quem convive, por aquilo que faz ou deixa de fazer. Acima de tudo, amar alguém é respeitá-lo por seus defeitos e ter certeza que suas qualidades são muito maiores.

Porque amar é entrega, é carinho, é compreensão; amar é saber feio e achar maravilhoso; amar não tem meio-termo, nem dúvidas, nem receio; amar reconhece; amar compartilha; amar dá sem querer receber.

Amar depende de se amar. Quem não se ama, não se respeita, não se admira, não se compreende, não se aceita. E o que não se tem, não se pode dar.

Amar não aceita ciúmes, não aceita inveja, não aceita rancor, não aceita mágoa. Porque amar não implica em posse, não depende de ter mais ou menos, não requer certificado de garantia, nem data de validade.

O amor é algo que transcende tempo e espaço; é um sentimento infindável e infinito. Sabe o "quanto mais se dá mais se tem"? Para o amor é válido. Mas não porque se você der vai ter em troca, mas porque quanto mais você dá, mais cresce dentro de você e mais você dá e mais cresce.

Saiba amar. Cultive o amor. Valorize aqueles que você ama. Elogie, ressalte qualidades. Dê carinho, dê atenção. Converse, ouça. Ouvir é muito importante. Pergunte, questione. Justifique, responda. Acredite. Procure, ligue. Olhe, preste atenção. Esqueça, renuncie. Compreenda. Mas compreenda sempre. Ninguém que ama machuca propositadamente. Mas quem ama também erra. Então, novamente, compreenda. Perdoe. Perdoe. Perdoe sempre. Aceite. Conquiste. Cresça. Compartilhe.

Não precise de paixão para amar. Não se sinta obrigado a amar. Simplesmente ame. Ame sem desejo. Ame com desejo. Ame em um mês. Ame em um ano. Ame em cinco anos. Ame quando sentir que ama. Ame quando souber que conhece. Diga que ama sem medo. Mas ame com verdade. Não confunda paixão com amor. Não confunda ilusão com amor. Amor não é projeção. Amor é ver diferenças e amar diferenças. Se disser que ama e descobrir que não ama, não se preocupe, aprenda a amar. Valorize as qualidades e aprenda a amar. Amor é aprendizado. Amor é felicidade.

10.2.05

Assumindo o comando -

Sempre ouço falar que não podemos deixar o carro de nossas vidas desgovernado, que temos que assumir o volante e conduzir nossos destinos, andando na direção dos nossos sonhos. Mas você já pensou que a vida não é nosso carro? A vida é a estrada e nós somos o carro. Se nós resolvermos parar, a vida continua. Se nós acelerarmos demais, podemos perder várias coisas pelo caminho.

Nós temos o comando daquilo que fazemos, sim. Mas nem tudo na vida vai mudar de acordo com o que queremos. A vida tem seus cruzamentos, pontos de parada, restaurantes, hotéis, cidades, vilarejos. Tudo tem o seu lugar. Podemos modificar algumas coisas, construir outras. Mas, em boa parte do caminho, só temos que percorrer essa estrada.

E a cada obstáculo em que nos detemos mais do devemos, podemos ficar atrasados em relação à vida. Então teremos que correr para alcançá-la. É como se houvesse um ponto certo para encontrarmos determinada pessoa, ou começar aquele curso, ou conseguir um tal trabalho. Mas nós temos que fazer a nossa parte, planejar nosso percurso e seguir decididos e firmes até nossa meta.

Só que alguns eventos acabam não dependendo da gente. Os outros também estão conduzindo seus próprios carros e modificando não só o deles, mas o percurso de todos. Você já pensou que ao construir uma ponte, ou abrir uma nova estrada, você não o estará fazendo só pra si? Todos os que vierem depois de você usarão aquilo que você criou. A atitude de uma pessoa interfere na vida de todos a sua volta.

Talvez por isso, dependamos um pouco das decisões dos outros. No trânsito, se alguém pára no amarelo, ainda tendo tempo pra passar, pode causar tanto uma batida, um atraso, ou quem sabe nos fazer um bem e nos proporcionar o tempo que precisávamos para nos acalmarmos e evitarmos um acidente maior logo à frente.

Eu acredito que não exista acaso. Acredito que tudo acontece como deveria. Até a pior experiência vem nos ensinar algo. Mas temos que aprender a seguir nossa intuição, para não andar devagar demais, nem rápido demais. É aquela voz que às vezes parece nos dizer para virar à esquerda ou à direita; uma voz que nos diz: "calma. Agora é hora de parar e ouvir seu coração."; ou que diz: "agora você tem que tirar a bunda da cadeira e ir a luta". Acho que nossa intuição nos ajuda muito no nosso caminhar. Ouvir nossos desejos mais íntimos, saber aquilo que vai realmente nos fazer feliz, é uma forma de não ter dúvidas e escolher sem medos o melhor trajeto.

Vamos pegar no volante e dirigir nossas vidas, sim. Mas vamos fazê-lo de forma equilibrada, tranqüila e segura. Sair por aí sem saber pra onde ir não resolve. Só vamos gastar combustível. E digo que o combustível da vida é ainda mais caro do que a gasolina. É nosso tempo, nossa energia, nossa vitalidade, nossos sentimentos, nossos dons. Não podemos jogar tudo isso fora. Mas também não podemos deixar o carro na garagem enquanto a vida passa. Temos que arriscar. Temos que acelerar em busca dos nossos objetivos.

Se demorarmos demais, talvez alguém pegue a nossa vaga, ou fiquemos presos em algum congestionamento. Faça sol ou chuva, a vida continua. Vamos ligar o limpador, acender os faróis e ir adiante. E acredito que haja sempre um lugar certo pra nós, um caminho a nossa espera. Só precisamos dirigir até lá. E não esqueçamos de que o percurso é tão importante quanto a chegada. Precisamos dirigir bem a cada curva, a cada lombada, a cada reta, a cada viaduto. Precisamos ser felizes do começo ao fim do nosso caminho.

9.2.05

Objetivos realistas -

Nós gostaríamos que a vida fosse tranqüila, estável e serena, não? Infelizmente, ela é cheia de sofrimento, de erros, de pedras e de barreiras. Mas de onde será que tiramos força pra superar tantas dificuldades que aparecem em nosso caminho? Quais objetivos sustentamos para não desanimar a cada queda?

Há quem busque subterfúgios para não encarar a realidade de frente, se escondendo nas drogas, na bebida, ou na sorte fácil. Estes desistem da batalha. Não têm coragem para encarar as derrotas do dia-a-dia, ou seus próprios medos. Vivem anestesiados, na ilusão de que algum dia tudo melhorará por si só, como num passe de mágica. Há quem se segure em um outro alguém, fazendo um companheiro, um amigo ou um familiar de bengala. Acontece um problema e lá vem ele: “fulano, o que eu faço?”, ou “ciclano, resolve mais essa pra mim”. Assim fica fácil! Há também quem se apóie no trabalho, se enchendo de ocupações, passando horas e mais horas em exaustivo esforço para não pensar em nada. Isso quando não arranja “horas extra” de trabalho para chegar em casa mais tarde e escapar das conversar, ou dos enfrentamentos.

Há quem tenha a religião como porto seguro. Para esses, a fé em Deus é a crença de que há um amanhã melhor à nossa espera. Essa fé é extremamente positiva, se não implica em estagnação e acomodação. Deus não vai fazer o trabalho por nós. Nós precisamos agir, nos mexer. É aquela velha história: para ganhar na loteria é preciso apostar. Os problemas não desaparecerão sozinhos. A fé precisa ser, sim, sinônimo de esperança, positivismo e auto-confiança.

Aí está nosso engano: acreditar que a força vem de fora. Não! A força está dentro de nós; está em conhecer e valorizar nossas qualidades; está em saber quais são os nossos limites e quais são os nossos defeitos, aqueles que nos fazem humanos e nos dão a noção de até onde podemos ir.

Sabendo quem somos e firmando objetivos realistas, teremos força para superar cada pedra, cada buraco. E não falo em menosprezar ou diminuir nossos sonhos. Não é isso. A questão é não passar a vida sonhando em achar um pote de ouro, ou em se transformar num santo milagreiro. Precisamos sonhar alto, sim. Mas não sonhar o sonho dos outros – sonhar com algo que tenha a ver conosco, com algo que realmente nos traga felicidade.

Assim, cada obstáculo, é só um motivo para um passo mais largo, ou um pulo mais alto. Pois temos perseverança e determinação. Por isso, precisamos nos conhecer, acreditar nas nossas capacidades, aceitar nossas limitações e firmar objetivos concretos. Desta forma, seremos sempre fortes, conquistaremos tudo o que quisermos e seremos realmente felizes.

7.2.05

Mudança de vocabulário -

Acumular. Você já pensou em quanto essa palavra é negativa e prejudicial? Na minha opinião ela poderia ser excluída do nosso vocabulário. Ou você acha que acumular algo seja bom?

Acumular riquezas nos faz gananciosos, mesquinhos e egoístas. O dinheiro foi feito para ser usado, satisfazer nossas necessidades, trazer conforto e ajudar quem precisa. Poupar para construir uma vida melhor é totalmente justificável e necessário. Mas, depois de já termos tudo o que precisamos, acumular dinheiro em banco, ou carros na garagem, ou imóveis inutilizados, é egoísmo, é não compreender o princípio básico da vida que é a caridade e o amor ao próximo. Você pode dizer que acumula para seus filhos terem uma vida melhor do que a sua. Desculpe, mas, se você possui uma casa onde eles possam morar e tem condições de pagar seus estudos, tem o suficiente. Pois compreender o valor do dinheiro, assumir responsabilidades e construir o próprio caminho é um dos grandes aprendizados da vida. Ou você nunca teve conhecimento dos numerosos casos de herdeiros de grandes fortunas que tomam posse de seus bens e acabam perdendo o patrimônio deixado pelos pais?

Mas não falo só de acumular dinheiro. Acumular conhecimento é ruim. Conhecimento foi feito para ser transmitido; para ter e repassar. Se você acumula conhecimento para si, está sendo novamente egoísta. Quantos você poderia ensinar, quantas mudanças poderia promover, quantas descobertas poderia desencadear?

E amor? Você já pensou em acumular amor? Pára! Amor foi feito para ser dado. Amor guardado é a pior coisa que existe, chega a doer. Fora que ser amado é, simplesmente, maravilhoso. E comida? Imagine acumular reservas e mais reservas de alimentos? Se for na sua dispensa, provavelmente eles perderão a validade e serão desperdiçados. Se for no seu estômago, eles virarão gordura e, o que deveria lhe dar energia e saúde, lhe deixará doente.

Agora imagine acumular tempo? Ficar parado e poupar o tempo, como se ele pudesse ser usado depois. Chega a ser ridículo. É sentar, cruzar os braços e deixar a vida passar! Um amigo comentou que se pode acumular ar para um mergulho, por exemplo. Ar é algo necessário e positivo. Mas, será que é possível acumular o ar num cantinho do pulmão e utilizá-lo algumas inspirações depois? Não. O processo continua sendo o mesmo: inspiração, pausa e expiração. Neste caso, a palavra é retenção, não acúmulo.

Acumular significa fazer reservas que não têm utilidade, ou que, talvez, venham a ser consumidas em longo prazo. Mas, com tanta gente precisando, você vai acumular? Você pode ser útil! Pode ajudar e até melhorar a vida de outras pessoas. Seja partilhando seu dinheiro, conhecimento, amor ou até seu tempo.

Essa é a palavra que deve entrar em nossas vidas: partilhar. Partilhar significa dividir, doar. Partilhar é ser generoso, caridoso e humilde. Partilhar é ver no outro alguém igual a você, alguém com as mesmas necessidades e problemas. Partilhar é dividir o que você poderia acumular. Mas a satisfação de partilhar é indescritível. Partilhar é, sem dúvida, mais uma forma de cultivar a felicidade em nossas vidas.

3.2.05

Amizade valiosa -

Cada dia que passa, mais eu percebo que ninguém consegue viver sozinho - ter amigos é indispensável! Imagine estar numa crise existencial, típica de nós mulheres, e não ter um ombro pra chorar, ou um ouvido paciente pra escutar nossas lamúrias? Imagine ver o seu time do coração ganhar um clássico e não ter com quem dividir a alegria, tomar uma cerveja, ou discutir os principais lances do jogo? Ou então conseguir aquele emprego tão desejado, ou ficar com aquela pessoa tão esperada, e não ter para quem dar a notícia?

Todo mundo precisa de um amigo: alguém que lhe faça sentir bem, que tenha uma energia boa e cujas palavras sejam como um abrigo na tempestade. Esse amigo pode ser um irmão, a mãe, o pai, o vizinho, o namorado - ou o ex-namorado, por que não? -, o colega de trabalho, o que cresceu com você, ou alguém que você conheceu não faz um mês. Não importa.

O que importa é ser amigo de verdade. E amigo é aquele que ri das besteiras que falamos; que dá aquela bronca quando bancamos os teimosos; que seca as lágrimas que cismam em continuar caindo; que conhece nossas caras e caretas; que só de nos olhar sabe o que estamos sentindo. Amigo é quem nos dá o conselho certo na hora que mais precisamos; é quem sabe quais são nossos medos e nos ajuda a superar cada um deles; é quem ouve nossas reclamações e lamentos, mas que também nos manda calar a boca quando exageramos. Amigo é aquele que nos ama incondicionalmente; que já transformou os nossos pais nos dele; que conhece todos os nossos defeitos, mas que valoriza cada uma das nossas qualidades. Amigo é alguém que nos aceita, que nos protege e que nos faz crescer.

Eu concordo com quem diz que a amizade é o maior tesouro de um homem, mas discordo dos que falam que se pode perder um amigo em questão de segundos. Discordo, porque um amigo de verdade compreende e perdoa; porque um amigo de verdade se arrepende e pede desculpas.

E ser amigo é ver os dois lados da mesma moeda: é dar e receber; é construir sonhos e derrubar escudos; é abrir portas e fechar buracos; é estender a mão e segurar num abraço; é sorrir de tristeza e chorar de alegria; é saber ausente e sentir presente; é esquecer erros e recordar vitórias; é morrer dúvidas e nascer felicidade!

31.1.05

Novo lar -

Um dos maiores desejos de todo jovem é se tornar independente, fazer o que quiser, viver no seu próprio tempo, não dar satisfações, se virar sozinho. Essa independência é maravilhosa, mas ela não acontece sem esforços.

Se você se aventura a sair de casa, a primeira dificuldade que vai encontrar é a questão financeira. Os gastos vão desde comprar móveis, louças e eletrodomésticos, a pagar aluguel, água, luz, telefone, alimentação, vestuário. Ter um bom emprego facilita, óbvio. Mas o aprendizado consiste em administrar a receita e cortar alguns dos pequenos prazeres e gastos supérfluos que podem estourar o orçamento.

O segundo problema é emocional. Se, na casa dos pais, você vivia num verdadeiro campo de batalha, estar sozinho vai ser um grande alívio. Mas, se estava acostumado a chegar em casa e ter com quem dividir seu dia-a-dia, ou simplesmente conversar um pouco, a solidão pode acabar pesando.

Uma opção para quem quer liberdade, sem ter esses problemas, é dividir um apartamento com um amigo. As despesas caem pela metade e você continua a ter companhia. Mas é preciso muito cuidado antes de escolher com quem dividir a casa nova, pois algumas diferenças podem aparecer e acabar com a sua tranqüilidade logo no primeiro mês. Por exemplo: o colega resolve atacar a geladeira, acaba com o SEU estoque de comida, e esquece de repor o que utilizou; ou, então, ele larga as roupas e objetos pessoais no meio da sala, em cima da mesa da cozinha, ou até na sua cama; ou esquece de pagar a conta de luz, ou de telefone; isso quando ele não usa o seu shampoo, seu creme de barbear, ou sua escova de dente. Mas a situação pode ser inversa e o folgado ser você. Por isso, é essencial que haja respeito pelas coisas e pelo espaço do outro para que a parceria funcione.

Para quem só precisa driblar a solidão, a saída pode ser fazer logo amizade com os vizinhos, ou arranjar um animal de estimação. Claro que há quem não precise de nada disso e se sinta extremamente bem sozinho, curtindo sua própria companhia. Entretanto, a maioria das pessoas não é assim. Ficar sozinho uma semana é maravilhoso, mas o passar do tempo transforma a tão sonhada liberdade num caminho para a depressão. Ter um canto só seu exige consciência das dificuldades, coragem e segurança. Da mesma forma que conhecer os reais motivos que o levaram a tomar essa decisão é essencial para superar os momentos de tristeza e desesperança.

Mas a independência é ótima. Ela significa crescimento; significa andar com as próprias pernas, correr atrás dos sonhos, ter que lutar para ter o melhor; significa morar num lugar que é a sua cara, que tem o seu cheiro, que reflete a sua personalidade; significa acordar na hora que quiser nos fins de semana, almoçar às três da tarde, ou passar noites ao telefone sem ninguém pra reclamar; significa resolver sozinho os próprios problemas, rir sozinho das próprias cagadas, mas também chorar sozinho no travesseiro; significa fazer as próprias regras, obedecê-las se quiser e modificá-las se preciso; significa responsabilidade, amadurecimento e liberdade.

Lutar para conquistar essa independência é essencial na vida de todo ser humano. É mais um passo em busca da felicidade.

24.1.05

O que vem por aí -

Você já notou que nós vivemos à espera de algo? Seja de uma casa melhor, de um salário melhor, de um parceiro melhor, ou de um mundo melhor, dificilmente estamos satisfeitos com o que temos.

Em determinadas fases, como as de desemprego, de carência afetiva, ou de doenças crônicas, nós temos objetivos, mas não há nada a fazer para alcançá-los. São momentos em que qualquer atitude parece não dar resultado e quando somente a paciência ameniza a situação. Não uma paciência de quem espera sentado que um milagre caia do céu. Mas a de quem luta, que busca todos os recursos ao seu alcance, que procura nos amigos a mão carinhosa e ombro atencioso. Essa é a paciência de quem sabe que está fazendo tudo o que pode, mas que também sabe que há tempo pra tudo na vida.

Há uma situação limite, na qual essa espera se torna pior: a velhice. Depois de ter uma vida ativa, cheia de trabalho e realizações, é difícil parar. A pessoa acorda e não tem nada pra fazer, além de comer, dormir e esperar mais um dia passar. Essa é a pior das esperas, pois você se sente inútil, desacreditado. E, quando o sono não vem, são quase 24 horas apenas pensando. Só que não há mais futuro para planejar. A única esperança é que chegue logo o dia em que tanto sofrimento vai ter fim. A Osteoporose já chegou; um derrame aconteceu. Você não anda mais sozinho; não toma mais banho sozinho. Você depende dos outros pra tudo.

A solidão parece aterradora. A tristeza é lógica. No que se segurar e no que acreditar? Um carinho e um sorriso são lampejos de esperança; uma conversa faz o tempo passar mais rápido; uma bala é um doce alento para tardes amargas. Mas uma mudança interior é necessária. Precisamos manter o coração tranqüilo, cultivar a fé e acabar com os fantasmas das brigas mal resolvidas, da antipatia no trabalho, da palavra que saiu na hora errada, do que podia ter sido feito e não foi, do perdão que nunca foi dado, ou pedido.

Nós não podemos nos esquivar do presente e passar nossos dias a reviver o passado, ou a sonhar com o futuro - temos que agir! Se olharmos à nossa volta, veremos que ainda há muito de bom. Ao invés de ficar desejando o que falta, devemos valorizar o que temos. A vida é feita de ciclos: de altos e baixos, de tempestades e calmarias, de acertos e erros.

Passar por fases difíceis na vida é normal. Ter momentos de solidão, de descrédito e até de achar que não há mais saída é normal. Só não podemos nos desesperar, pois sempre há uma situação melhor à nossa espera. Afinal, nós estamos sempre caminhando rumo à felicidade, seja neste mundo, ou no outro.

21.1.05

Memória de elefante? -

Nossa memória é um mecanismo impressionante. Cada momento vivido fica armazenado para sempre em nosso subconsciente. Entretanto, não nos lembramos de todos. Só alguns marcam, só alguns continuam fazendo parte do arsenal de informações que formam os nossos pensamentos diários.

Uma explicação para isso pode ser a intensidade de sentimento que cada momento provoca. Palavras, imagens, gestos, podem tocar nossos corações de um jeito mais profundo e se eternizar em nossas mentes - como o primeiro beijo, o primeiro rompimento, aquele brinquedo especial, a prova que "inexplicavelmente" recebeu nota 10. Mas, às vezes, coisas banais, detalhes até insignificantes, também deixam marcas profundas. Há quem, aos 95 anos de idade, saiba dizer o tipo de prataria usada em cada um dos jantares oferecidos durante toda a vida. Acredite!

Já outros momentos parecem se apagar. Não que eles não existam guardados em algum lugar, mas eles não ficam acessíveis. A regressão é uma terapia que utiliza o relaxamento profundo e a indução como forma de trazer à tona essas lembranças. Especialistas dizem que esse processo ajuda a tirar os bloqueios adquiridos e a aprender a lidar com situações traumáticas, já que, em grande parte, os fatos esquecidos são aqueles que provocaram sentimentos negativos. Casos de pessoas que sofreram violência sexual são uma prova disso. Algumas lembram diariamente do ocorrido, mas muitas esquecem ou distorcem os fatos, numa defesa natural para diminuir o sofrimento. Nós funcionamos assim. Selecionamos, consciente ou inconscientemente, o que queremos, ou não, lembrar. Atribuímos importância, adjetivos e vida própria a cada acontecimento que passamos.

Se compararmos nossas lembranças de um momento da infância com as de um irmão ou de um amigo, elas serão diferentes. Einstein provou com a Teoria da Relatividade que dois momentos podem ser lembrados em ordens inversas por duas pessoas que o vivenciaram juntos. Por exemplo: para um, determinada festa ocorreu antes daquele jogão do Brasil; o outro vai jurar que a festa foi dias depois do jogo. Nossa memória não obedece aos padrões lineares de tempo que Newton definiu no fim do século XVII e início do XVIII. Já em 1905, a Teoria da Relatividade explicava que o espaço não é tridimensional e o tempo não é absoluto. Eles formam um contínuo tetradimensional, o "espaço-tempo". Basta ver que nós vivenciamos o tempo de forma relativa: os momentos agradáveis parecem passar voando, já os tristes parecem durar uma eternidade. Nossa memória funciona dessa forma, armazenando tudo o que acontece conosco como eventos individuais, com sua própria definição de espaço-tempo. A aparente linearidade depende do observador. Assim como a importância de cada fato também.

Saindo da teoria e concluindo, podemos dizer que nossas lembranças definem quem somos. Os amigos que conquistamos, aquilo que aprendemos, o que fizemos, o amor que demos, formam o nosso eu. E é aquilo que está vivo na memória que nos ajuda nessa auto-definição. Aos 80 anos de idade, somos o que podemos contar. Aos 80 anos de idade, somos o que construímos. Não há mais o que fazer, história por criar, sonhos por concretizar. Nossa memória é tudo o que temos.

Talvez por isso devamos pensar bem em cada um dos nossos atos e, se preciso, contar até 100 antes de tomar determinadas atitudes. Parafraseando o conhecido ditado, "digas do que lembras, que eu te direi quem és".

Bibliografia: BRENNAN, Bárbara Ann. Mãos de Luz. São Paulo: Ed. Pensamento, 1987.

15.1.05

Prazer e felicidade -

Prazer e felicidade são duas palavras que parecem andar juntas, que a nossa sociedade nos vende como sendo a mesma coisa. Mas será que são? Na TV, a nova propaganda dos chocolates Lacta mostra momentos de diversão em família, momentos de confraternização e alegria e os compara ao ato de comer chocolate. O slogan da campanha é “Lacta, pequenos momentos de grande felicidade”. Mas desde de quando comer chocolate traz felicidade? Após dar aquela mordida, saborear e engolir, você fica mais feliz? Você conquistou algo, cresceu, trocou algo com alguém, se sentiu melhor consigo mesmo? Pense.

Quantas pessoas passam a vida inteira buscando prazer em tudo e parecem estar cada vez mais distantes da felicidade? Quanto mais aventuras têm, mais sozinhos se sentem. Quanto mais dinheiro ganham, mais querem ganhar. Quanto mais jogam, mais querem jogar. Quanto mais comem, mais querem comer. E a felicidade não chega nunca.

Acho que esse é um dos erros mais comuns que cometemos: confundir prazer com felicidade. E o motivo é simples. Prazer NÃO É sinônimo de felicidade. Um chocolate vai lhe dar prazer, mas nunca felicidade. Uma noite de sexo casual vai lhe dar prazer, mas não felicidade. Discorda? Eu já ouvi alguns relatos de amigos dizendo que tiveram um ótimo sexo, mas, logo que acabou, queriam botar a roupa e ir embora. Eles não ficaram mais felizes ou completos. Satisfizeram uma necessidade orgânica e, desculpem o termo, jogaram esperma pra fora. Quando você sai de um momento desses se sentindo feliz, você, provavelmente, vai querer de novo. Pois não só o ato em si lhe faz bem (lhe dá prazer), mas a troca com outro ser humano, a intimidade, a cumplicidade e o carinho acrescentam algo na sua vida, lhe preenchem, lhe dão felicidade. Você pode não querer assumir um compromisso e não repetir a dose, mas não pode deixar de concordar que o quê você sente é diferente.

Prazer é momentâneo: tem e acabou. Prazer tem início com uma vontade, com um desejo. Prazer não acumula. Prazer é perecível. Prazer vem de fora: algo nos dá prazer.

Felicidade? Felicidade pode ser causada por um momento, mas ela não acaba. O sentimento de felicidade não desaparece nunca. Até a lembrança do momento nos faz dar um sorriso. Felicidade é provocada por nós: por uma ação, por uma troca, por um pensamento. Felicidade aumenta, acumula, cresce. Um momento de felicidade leva a outro. Felicidade se constrói, com gestos, palavras e até silêncios. Felicidade é ontem, hoje e amanhã. Felicidade vem de dentro. Isso é importante. A nossa felicidade não depende de ninguém. Claro que os outros podem contribuir para a nossa felicidade. Mas, muitas vezes, mesmo a pessoa perfeita, no lugar perfeito, na situação perfeita, não nos deixa felizes. Pois a felicidade é um estado de espírito.

E por que não somos felizes? Pois buscamos prazer, buscamos momentos, buscamos satisfação instantânea. Vivemos em função do nosso ego, do nosso egoísmo, do nosso orgulho. O amanhã depende do hoje! Se tivermos tudo hoje, não sobra nada pra amanhã. Mas podemos ter um pouco hoje, outro pouco amanhã, outro depois... Ser feliz depende de como encaramos a vida. Otimismo, coragem, desapego e compaixão são algumas das chaves da felicidade.

12.1.05

Será que é amor? -

Você já percebeu como algumas pessoas parecem ter mais sorte do que outras quando se fala de amor? Tem gente que encontra o companheiro ideal ainda na adolescência, namora sete anos, noiva, casa e vive o resto da vida com a pessoa. Outras precisam passar por diversas experiências, buscar comportamentos perfeitos, se apaixonar diversas vezes e, mesmo assim, essa pessoa maravilhosa parece estar cada dia mais distante.

E essa é a pergunta: por que essas pessoas aparecem nas nossas vidas, se elas não vão ficar com a gente? Acho que cada uma tem algo a nos ensinar. Cada uma tem algo a nos acrescentar, a nos fazer refletir, conceitos a questionar, padrões a romper. Talvez surjam para nos dizer que é bom receber carinho, mas cada um precisa do seu espaço. Talvez para testar nossos limites, mostrando até onde podemos ir. Talvez para nos fazer ver que não somos perfeitos, mas temos muitas qualidades. Talvez precisem nos provar que podemos e precisamos ser úteis para alguém. Talvez, ainda, sejam só uma companhia num momento de solidão. Ou até venham para nos fazer valorizar um pouco mais o amor.

Talvez seja a pessoa certa na hora errada. E se chegou na hora errada, ela ainda não era a certa. Talvez seja uma grande paixão. Talvez um bom amigo. Ou apenas uma imagem do que consideramos perfeito. Porque, muitas vezes, o quê precisamos, não é o quê desejamos. Talvez essa pessoa apareça num momento de mudança e seja a base forte que vai nos sustentar. Talvez surja num momento de certezas e precise ser sustentada por nós. Talvez venha para nos dar alegria. Talvez não. Talvez ela seja um lampejo de esperança, a nos dizer que ainda existem muitas pessoas interessantes por aí.

E essas pessoas sempre marcam. De jeitos diferentes, com sentimentos diferentes, em intensidades diferentes. Mas marcam. E nenhuma diminui a importância da outra, pois são, simplesmente, diferentes. Cabe a nós não procurar, em uma, o que tivemos com a outra. Cabe a nós entender que não existe ninguém perfeito, mas existe alguém que quer o mesmo que nós. E é para essa pessoa que precisamos estar abertos, deixando de lado medos, inseguranças, expectativas. Porque quando ela aparecer, não vamos poder exigir dela mais do ela pode nos dar, mais do ela quer nos dar, ou mais do ela sabe dar. Teremos de aceitá-la com seus defeitos, seus medos, suas manias. E o que pode fazer esse relacionamento dar certo é simples: amar o outro por quem ele realmente é.

7.1.05

Respostas à vida -

Todo ser humano sente raiva, ódio, fica magoado, se sente injustiçado. Mas todo ser humano também causa todos esses sentimentos em outras pessoas. E, normalmente, isso acontece por causa dos nossos atos, da forma como respondemos à vida.

Quantas vezes alguém não lhe disse algo que lhe deixou puto, sem ter essa intenção? A interpretação que fazemos de cada mensagem que recebemos é influenciada por nossos medos, nossas inseguranças, nossos "pré-conceitos". Se virmos o nosso chefe como um chato, a menor crítica que ele nos faça pode parecer pegação de pé, cisma. Mas talvez ele esteja, realmente, pensando na qualidade do trabalho e faça críticas a qualquer profissional.

O oposto também acontece. Alguém lhe faz um favor e você diz: "não era bem isso". A reação do outro pode ser: "poxa, você não gosta de nada do que eu faço. Faço tudo pra lhe agradar e só ganho reclamações!!". Mas, na verdade, você gosta de tudo o que o outro faz e, simplesmente, não era bem aquilo. Essas más interpretações, essas reações exageradas, nos fazem mal. Elas nos deixam chateados, magoados, com raiva e afetam, sim, a nossa saúde.

O Dalai Lama, da religião Budista, diz que nosso estado latente é de ignorância e que aprendemos a reagir de uma forma ou de outra diante da vida, dependendo dos nossos pais, da nossa escola, do meio em que vivemos. Mas ele também diz que, assim como aprendemos a sofrer, podemos aprender a não sofrer mais. Segundo ele, a conquista da felicidade é um aprendizado, um exercício a ser praticado diariamente. E só conseguimos deixar de lado os sentimentos negativos, aumentando os positivos. Por exemplo: ao exercitar diariamente a compaixão, a compreensão e o amor, você, provavelmente, não vai se irritar por uma frase, ou por uma atitude impulsiva do outro.

O psicoterapeuta Jorge Jacinto, que trabalha com Programação Neuro-Lingüística (PNL) em Florianópolis, também afirma que nós podemos modificar nossas reações e, conseqüentemente, nos desgastarmos menos. Ele sugere um exercício, no qual colocamos no papel, diariamente, os acontecimentos que nos fizeram mal, dividindo a folha em três colunas. Na primeira, citamos o fato que deu origem ao sentimento negativo. Na segunda, colocamos a reação que tivemos. Na terceira, a reação que gostaríamos de ter tido, aquela que não traria sofrimento nem a nós, nem ao outro. E passamos a treinar essa reação modificada a cada vez que esse acontecimento ou outro semelhante ocorre.

Claro que no início é difícil. Claro que continuamos a sentir raiva. Mas se não estourarmos, se não dermos "aquela resposta", talvez já diminuamos o efeito da situação no outro. E, com o tempo, passamos a realmente compreender os fatos, a reagir como gostaríamos naturalmente, a não projetar nos outros nossos medos e inseguranças e a não sofrer. O Dalai Lama diz que a única forma de sermos felizes é buscarmos acontecimentos, pessoas e sentimentos que nos deixem felizes. Isso parece ser óbvio, mas, então, por que brigamos se vamos ficar chateados, tristes e descontentes? Por que comemos muito se vamos engordar ou passar mal depois? Por que fazemos tantas coisas prejudiciais, conscientemente, se elas não nos trarão felicidade?

Acho que o segredo é, antes de agir, parar e pensar: isso vai me fazer feliz? Evitar brigas, discussões e desentendimentos aumenta nosso bem estar, nossa satisfação diante da vida. A felicidade e a compaixão nos deixam bem. Então vamos exercitar!

Bibliografia: Cutler, Howard C. e Sua Santidade, o Dalai Lama. A Arte da Felicidade. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

2.1.05

Que cara chato! -

Aceitar o comportamento dos outros e não julgar são atitudes que exigem de nós tolerância, compreensão e perdão. Nas festas de fim de ano é comum parentes que não se vêem há tempos se reencontrarem, diferenças aparecerem e mal entendidos estragarem o clima de "paz e fraternidade". Pode-se até lembrar dos tão conhecidos jargões: genro e sogra que não se batem, cunhados que não se aturam ou até irmãos que não se suportam.

É nessas horas que precisamos entender a forma de agir e o jeito de ser de cada um e sermos complacentes, seja contando até 50, respirando fundo, se fazendo de surdo, ou apenas rindo, rindo para não chorar ou, como diriam alguns, para "não meter a mão na cara daquele filho da puta". É... isso é mais comum do que gostaríamos.

Nas festas de fim de ano, há a agravante de sermos, muitas vezes, "obrigados" a conviver com aqueles com os quais temos antipatia ou divergências de opiniões. Entretanto, isso acontece diariamente no trabalho, no ônibus, no curso. Claro que é mais fácil ignorar e não falar com alguém no trabalho do que no jantar de Natal.

Mas por que é tão difícil ser tolerante? Será que somos tão perfeitos, os únicos conhecedores das verdades da vida, a ponto de desqualificarmos o outro pelos seus erros? Já que falamos de Natal, usemos uma frase do Cristo: "aquele que nunca errou que atire a primeira pedra". Precisamos compreender que todos nós erramos, que todos temos defeitos talvez intoleráveis para outros, que todos alguma vez na vida falamos a frase errada na pior hora.

Precisamos aceitar que vivemos em sociedade e que são poucos aqueles que agem da mesma forma que nós, que têm os mesmos pontos de vista, que são educados da mesma maneira. Precisamos buscar as qualidades do outro, tentando, sim, ignorar e superar os defeitos que nos incomodam.

Tolerância é, talvez, uma das principais virtudes que nos permitem ser sociáveis. Pessoas teimosas e donas da verdade não costumam se dar bem em grupos. Elas sempre arranjam alguém com quem discutir, ou com quem "não conseguem conviver". E é difícil ser amigo de alguém intolerante. É preciso saber ouvir; não criar atrito; ser complacente; expressar opiniões de forma delicada e indireta; ser tolerante.

Para lidar com os engraçadinhos, ao invés de se irritar e antes de se irritar, faça dele o alvo da piada, ou dê aquele toque amigável: "fulano, vamos dar uma acalmada, pois tudo tem limite". Com o indesejável ou intrometido, por que não rir com ele ou deixá-lo constrangido mudando o rumo da conversa?

Há sempre uma forma de driblar as situações sem sair do equilíbrio e perder a calma. Procure uma. Mas lembre-se que o mais importante é compreender as razões do outro agir de determinada forma e não julgá-lo. Não precisamos concordar com ele, ou aceitar atitudes que venham a nos ferir. Mas podemos dar um basta nas situações sem sermos brutos, ignorantes ou indelicados. "Não façamos para o outro o que não gostaríamos que nos fizessem". Perdoemos, mantenhamos o clima de paz e amor, sejamos nós os apaziguadores, sejamos nós os promotores da felicidade.