7.1.05

Respostas à vida -

Todo ser humano sente raiva, ódio, fica magoado, se sente injustiçado. Mas todo ser humano também causa todos esses sentimentos em outras pessoas. E, normalmente, isso acontece por causa dos nossos atos, da forma como respondemos à vida.

Quantas vezes alguém não lhe disse algo que lhe deixou puto, sem ter essa intenção? A interpretação que fazemos de cada mensagem que recebemos é influenciada por nossos medos, nossas inseguranças, nossos "pré-conceitos". Se virmos o nosso chefe como um chato, a menor crítica que ele nos faça pode parecer pegação de pé, cisma. Mas talvez ele esteja, realmente, pensando na qualidade do trabalho e faça críticas a qualquer profissional.

O oposto também acontece. Alguém lhe faz um favor e você diz: "não era bem isso". A reação do outro pode ser: "poxa, você não gosta de nada do que eu faço. Faço tudo pra lhe agradar e só ganho reclamações!!". Mas, na verdade, você gosta de tudo o que o outro faz e, simplesmente, não era bem aquilo. Essas más interpretações, essas reações exageradas, nos fazem mal. Elas nos deixam chateados, magoados, com raiva e afetam, sim, a nossa saúde.

O Dalai Lama, da religião Budista, diz que nosso estado latente é de ignorância e que aprendemos a reagir de uma forma ou de outra diante da vida, dependendo dos nossos pais, da nossa escola, do meio em que vivemos. Mas ele também diz que, assim como aprendemos a sofrer, podemos aprender a não sofrer mais. Segundo ele, a conquista da felicidade é um aprendizado, um exercício a ser praticado diariamente. E só conseguimos deixar de lado os sentimentos negativos, aumentando os positivos. Por exemplo: ao exercitar diariamente a compaixão, a compreensão e o amor, você, provavelmente, não vai se irritar por uma frase, ou por uma atitude impulsiva do outro.

O psicoterapeuta Jorge Jacinto, que trabalha com Programação Neuro-Lingüística (PNL) em Florianópolis, também afirma que nós podemos modificar nossas reações e, conseqüentemente, nos desgastarmos menos. Ele sugere um exercício, no qual colocamos no papel, diariamente, os acontecimentos que nos fizeram mal, dividindo a folha em três colunas. Na primeira, citamos o fato que deu origem ao sentimento negativo. Na segunda, colocamos a reação que tivemos. Na terceira, a reação que gostaríamos de ter tido, aquela que não traria sofrimento nem a nós, nem ao outro. E passamos a treinar essa reação modificada a cada vez que esse acontecimento ou outro semelhante ocorre.

Claro que no início é difícil. Claro que continuamos a sentir raiva. Mas se não estourarmos, se não dermos "aquela resposta", talvez já diminuamos o efeito da situação no outro. E, com o tempo, passamos a realmente compreender os fatos, a reagir como gostaríamos naturalmente, a não projetar nos outros nossos medos e inseguranças e a não sofrer. O Dalai Lama diz que a única forma de sermos felizes é buscarmos acontecimentos, pessoas e sentimentos que nos deixem felizes. Isso parece ser óbvio, mas, então, por que brigamos se vamos ficar chateados, tristes e descontentes? Por que comemos muito se vamos engordar ou passar mal depois? Por que fazemos tantas coisas prejudiciais, conscientemente, se elas não nos trarão felicidade?

Acho que o segredo é, antes de agir, parar e pensar: isso vai me fazer feliz? Evitar brigas, discussões e desentendimentos aumenta nosso bem estar, nossa satisfação diante da vida. A felicidade e a compaixão nos deixam bem. Então vamos exercitar!

Bibliografia: Cutler, Howard C. e Sua Santidade, o Dalai Lama. A Arte da Felicidade. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

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