15.10.05

Ai! Que ódio! -

Um dos piores sentimentos que existem é a raiva. Quando nos sentimos irados despejamos uma carga gigantesca de hormônios no nosso organismo, que nos deixa tensos, com os batimentos cardíacos acelerados, pressão sanguínea aumentada (literalmente a conhecida expressão: “o sangue sobe pra cabeça!”), além de inibir o lado racional do cérebro que nos permite pensar antes de agir.

Mas lidar com a raiva é um processo de paciência e perseverança. Começa em conseguir perceber a posição, os argumentos e as razões do outro. Compreendendo o outro, por mais que ele não tenha razão, paramos para pensar e conseguimos diminuir a intensidade do sentimento.

Depois, temos que aprender – sim! – a contar até dez, vinte, trinta, cem, se preciso. Respirar fundo e nos acalmarmos, antes de dizer algo ou reagir. Isso evita desgastes desnecessários de energia, brigas, discussões, mal entendidos. Dar tempo para a dosagem de hormônios não subir, ou mesmo diminuir, nos dá condições de responder de forma mais racional e moderada.

A raiva não nos ajuda a mudar o modo de pensar do outro, não nos ajuda a “dar uma lição” em ninguém, não permite que argumentemos com lucidez, não funciona nem como vingança. A raiva só atinge a nós mesmos. Só nós saímos do sério, prejudicamos nosso organismo, ficamos magoados. Só nós perdemos.

Uma das parábolas de Jesus, que já virou estória infantil, serve bem como ilustração. Vou contá-la, resumidamente, com minhas palavras: “quando um menino chegou em casa com muita raiva de um amigo da escola e disse para seu pai o quanto estava com ódio, o pai lhe deu um saco de carvão e pediu que atirasse num pano estendido no quintal. Após acabar com todo o carvão, o pai perguntou ao filho se estava mais aliviado. Ele respondeu que sim. Então, o pai pediu que olhasse para o pano à sua frente. O menino notou que não havia acertado todas as pedras no pano e que ele estava apenas um pouco manchado. Depois olhou para si mesmo e percebeu que estava inteiramente enegrecido pelos restos que nele caíam e pela fuligem que se espalhou por todo o seu corpo”. Acho que não preciso explicar a moral da história.

Pensamentos negativos só atraem energias negativas. Raiva só resulta em ressentimento e mágoas. Já o perdão e a compreensão têm como efeito o entendimento, o amor, o crescimento mútuo.

Como é bom, no momento em que a raiva começa a surgir, conseguir olhar para o outro e perceber que ele ainda não consegue agir diferente, ou ver que existem outras verdades que não a dele. Como é bom, nesse momento, saber calar e ouvir. Como é bom poder compreender e aceitar. Como é bom, após o outro desabafar, conseguir, com o coração cheio de amor, dizer: “eu te entendo”.

Existe melhor caminho para a felicidade?

Nenhum comentário: