18.2.05

Xô, medo! -

Por que será que temos tanto medo? Medo de escuro, medo de compromisso, medo de aranha, medo da solidão, medo de altura, medo de não ser feliz. O medo está diretamente associado à ansiedade, que está ligada à insegurança, que advém da baixa auto-estima. Um processo cíclico, que pode ser considerado patológico se exagerado e sem base na realidade concreta.

O medo normal é aquele que sentimos antes de uma prova, de uma entrevista, ou de um encontro importante. Ele nos deixa mais alerta e mobiliza nosso corpo para reagir com mais rapidez e mais precisão diante do estímulo amedrontador. É extremamente saudável e necessário sentir medo, pois um baixo nível de ansiedade favorece nossa adaptação às novas circunstâncias da vida.

Mas, às vezes, o medo aparece muito antes do que deveria e sem qualquer razão forte o suficiente que o justifique, nos trazendo sensações desagradáveis, tensão e desconforto. Esse medo patológico se diferencia do medo normal, pois não tem razão objetiva. Ele provoca uma aflição (ansiedade) desmedida e é acompanhado de sintomas físicos como falta de ar, sudorese, paralisia temporária, entre outros. Nesses casos, a própria pessoa sabe que o que sente é um exagero diante do tamanho do problema.

Ao sentirmos medo, uma série de processos químicos é desencadeada no nosso organismo. Primeiro, o cérebro intensifica a produção de adrenalina, noradrelina e acetilcolina. Esses hormônios causam, em questão de segundos, alterações no corpo todo: as pupilas se dilatam, aumentam os batimentos cardíacos, os músculos recebem mais sangue, a respiração se torna curta e ofegante e a digestão é acelerada. Tudo para deixar o corpo pronto para responder a qualquer emergência.

Pessoas com transtorno de ansiedade costumam conviver com esse tipo de sintomas diariamente. Qualquer coisa é motivo para sentir medo; um evento futuro é tomado como ameaça; estímulos banais e fatos do dia-a-dia se transformam em preocupação.

Mas por que sentimos medo por coisas tão bobas? Claro que cada um reage de maneira diferente às situações e que os acontecimentos da infância e a forma como somos criados nos dão um repertório de respostas dos mais variados. Especialistas dizem que, na nossa memória, estão armazenados dados genéticos que nos remetem a temores dos nossos ancestrais, como o medo de animais ferozes, do fogo ou da escuridão. Tudo isso precisa ser levado em conta. Mas conhecer a realidade do que estamos enfrentando e medir nossas reações é necessário.

Temer uma mudança radical na vida é normal. Mas ficar em constante estado de alerta um mês antes da mudança ocorrer faz mal. Por isso, precisamos exercitar “medidas de contenção”, seja um relaxamento, uma conversa, a análise do problema, apoio psicológico, um estímulo encorajador, ou, em último caso, medicação.

Acho que é do senso comum que, quando criança, temos menos medo de nos arriscarmos do que na fase adulta. Para a criança é fácil aprender um esporte de aventura, subir em árvores, se jogar ladeira abaixo. Quando crescemos, até colocar um patins no pé se torna extremamente complicado. As crianças não têm noção do real perigo envolvido em diversas atividades. A falta dessa percepção faz com que o medo não apareça. Claro que isso, muitas vezes, é um problema. Mas, talvez, possamos aprender com essa “ingenuidade” infantil. Você já pensou em reavaliar as situações da sua vida e vê-las sob um novo ângulo?

O medo é indispensável, ele nos põe alguns limites necessários. Mas muitas vezes nos tornamos verdadeiros “cagões” por vermos a realidade de forma distorcida e não acreditarmos nas nossas próprias capacidades. Precisamos nos dar mais valor, questionar nossos conceitos. Pode ter certeza, nós podemos bem mais do que pensamos! Então, deixemos os medos de lado e corramos em busca da felicidade!


Fontes:
- Frederico Graeff, Universidade de São Paulo (Veja).
- Ballone GJ - Medos, Fobias & outros bichos - in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, Internet, 2001 - disponível em http://gballone.sites.uol.com.br/voce/medos.html
- Ballone GJ - A Realidade do Outro - in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://sites.uol.com.br/gballone/voce/outro.html

2 comentários:

Bonassoli disse...

Como ex-paciente com Síndrome do Pânico, sei como é isso tudo. Curioso é que, controlada a doença, continue sendo tão difícil acreditar que ela existe ou em como ela funciona, como age.
Ao menos, hoje em dia, só tenho um tipo de medo. Só temo as pessoas que têm "medo de compromisso", "de não ser feliz".

Obs.: A inclusão das fontes para a crônica foi um acerto imenso.

Anônimo disse...

é verdade. medo de prova. medo de prova aplicada em espanhol e que as pessoas acham que está em italiano. muito medo.